Ensino superior: Pandemia faz número de novos alunos cair no segundo semestre em SP

No estado de São Paulo, o número de alunos que ingressou em cursos presenciais no segundo semestre de 2020 teve queda de mais de 30% em relação ao ano passado

Por: Tatiane Calixto  -  20/10/20  -  11:24
  Foto: Estadão Conteúdo

Os impactos econômicos e sociais provocados pela pandemia da covid-19 afetaram o setor da Educação Superior e têm exigido que universitários adiem os planos do diploma. No Estado, por exemplo, o número de alunos que ingressaram em cursos presenciais no segundo semestre caiu 31,2% em relação ao mesmo período do ano passado. 


É isso o que aponta a 4ª Pesquisa sobre o Cenário Econômico Atual das Instituições Privadas, realizada pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp). 


Segundo a instituição, o setor privado superior foi um dos mais impactados pela pandemia. Responsável por 75% das matrículas do setor no País, a rede foi fortemente atingida pela crise econômica, que fez estudantes perderem o emprego ou sofrerem com a redução ou a suspensão de contratos de trabalho. 


“O ingresso de novos alunos no segundo semestre, que representa aproximadamente 30% dos ingressos no ano, foi frustrante e ficou muito abaixo dos últimos anos, agravando ainda mais a situação”, avalia o Semesp. 


O impacto só não foi maior porque o número de novos alunos em cursos de educação a distância (EaD)cresceu 18,2% neste semestre. Foi puxado, principalmente pelo Interior do Estado, com alta de 36,6%. Na Região Metropolitana, o crescimento foi de 12,9%. 


Além da garantia do distanciamento, esse crescimento pode ser explicado pela possibilidade de o EaD mostrar-se mais atrativo aos novos alunos por causa das mensalidades mais baixas. 


Evasão 


Além da inadimplência, que cresceu em São Paulo, passando de 6,8% nos primeiros seis meses de 2019 para 10,1% no mesmo período deste ano, o atual cenário também tem pressionado quem está em sala de aula, fazendo com que deixem o curso de forma temporária ou definitiva. 


No primeiro semestre deste ano, a taxa de evasão (trancamentos e desistências) no Ensino Superior privado ficou em 11,2%. Em 2019, o índice era de 9,5%. Aqui, foram os trancamentos e desistências nos cursos de EaD que puxaram a taxa: aumento de 15,2% para 18,1%. Nos de tipo presencial, a taxa passou de 9,2% para 11,1%. 


Eduarda Lopes, de 21 anos, perdeu o emprego e teve de trancar a matrícula no curso de Administração. “Sem o salário, não deu para continuar”, lamenta.


Ela conta que mora com os pais e, mesmo com eles trabalhando, a situação ficou bem apertada. “Tudo ficou mais caro. Então, estou em busca de alguma coisa para, quem sabe, voltar.” 


Fabrício Serra Santos, de 22 anos, também trancou a matrícula. Ele estava cursando Jornalismo, mas diz que a estrutura de ensino a distância não estava condizente com o valor da mensalidade. 


O estudante conta que tomou a decisão porque, além de problemas de conexão, áudio e vídeo, que geravam dificuldades no entendimento, a mensalidade não foi readequada a essa realidade. “Senti que estava gastando muito dinheiro e tendo um retorno aquém do investimento”, comenta.


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