Em ascensão, Bozzella projeta PSL mais forte após saída de Jair Bolsonaro

Para o deputado da região e atual 2º vice-presidente da sigla, há vida após saída do presidente

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  23/11/19  -  00:44
Ascensão de Bozzella no partido ocorreu em meio à crise que culminou com a saída do presidente
Ascensão de Bozzella no partido ocorreu em meio à crise que culminou com a saída do presidente   Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O racha na cúpula do Partido Social Liberal (PSL), que culminou com a desfiliação do presidente Jair Bolsonaro de seu quadro, rendeu bons frutos para o deputado federal eleito pela região, Júnior Bozzella. De porta-voz informal no ápice da crise interna a homem-forte da agremiação, o ex-vereador vicentino (2013-16) assumiu na terça-feira a 2ª vice-presidência da legenda.


A função ameaça a sua eventual pré-candidatura à Prefeitura de Santos, como o político havia adiantado em agosto, com exclusividade para A Tribuna. A escalada do parlamentar foi a única mudança na estrutura da legenda, que reconduziu, em convenção partidária, o deputado federal Luciano Bivar (PE) à presidência da sigla por mais dois anos.


Bozzella assumiu o cargo que estava vago desde a saída do ex-ministro da Secretaria Geral, Gustavo Bebianno, cuja função na agremiação era ligada ao grupo político de Bolsonaro. “Temos esse desafio de organizar o partido no País e, consequentemente, no Estado [de São Paulo]. A demanda não é pouca. O PSL tem sido cobiçado por grandes figuras no nível nacional”.


Ele credita o assédio ao sucesso nas urnas na eleição passada, quando obteve a segunda maior bancada no Congresso – são 53 parlamentares, atrás somente do PT, com 54.


Lealdade 


O deputado ganhou evidência no partido durante o racha interno entre Bolsonaro e Bivar. No embate, Bozzella exerceu papel de porta-voz do grupo do presidente da legenda – autoproclamada ala da direita racional. Essa aproximação é apontada pelo político como de “lealdade às diretrizes” da agremiação.


Em 2017, Bozzella saiu do Podemos e ingressou no PSL a convite de Bivar. A sua inscrição foi anterior ao movimento que atraiu o clã Bolsonaro à legenda.  


“O partido serviu [a Jair Bolsonaro], num momento em que ele não tinha onde se abrigar. Deu toda a segurança política e jurídica para ele concorrer. Nesse casamento, ambos saíram ganhando”.  


A ascensão de Bozzella no partido pode ser, em parte, atribuída a ele ter conseguido ocupar espaços na queda de braço entre as lideranças. A fidelidade com que defendeu o partido na crise contra aliados de Bolsonaro deu crédito para o deputado.  


Reestruturação  


Aos 39 anos e após ter concorrido à Prefeitura de São Vicente – em 2016, ficando em terceiro lugar – Bozzella deve assumir o maior desafio de sua carreira política: o comando do partido no maior colégio eleitoral do País. Ele é cotado para coordenar a executiva estadual, assim que for oficializada a saída de Eduardo Bolsonaro da agremiação paulista.  


“Estamos em busca de um imóvel em São Paulo, para abrigar os diretórios estadual e municipal. A prioridade do PSL é viabilizar a candidatura da [deputada federal] Joice Hasselmann à prefeitura da Capital”.  


O que ele classificou de redirecionamento do PSL à “raiz”, a ação também prevê a remoção de Flavio Bolsonaro do comando da legenda no Rio de Janeiro. Ontem, o parlamentar entregou o pedido de desfiliação da legenda.  


Bozzella também tenta “aparar as arestas” herdadas da gestão dos dois filhos de Bolsonaro nos diretórios estaduais dos dois maiores colégios eleitorais brasileiros.  


Na segunda-feira (18), ele se reuniu com governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e retomou diálogo com João Doria (PSDB). Ambos foram alvo frequente de Bolsonaro, por terem manifestado interesse de pleitear a presidência da República em 2020. “Estamos nos realinhando para atuar como uma direita responsável e transparente”.


Partido pretende eleger 1 mil prefeitos  


Apesar de ainda cogitar se participa ou não da corrida eleitoral para o Palácio José Bonifácio, sede do Executivo santista, Bozzella já atua nos bastidores para o pleito de outubro de 2020. O parlamentar revela que o plano da legenda é eleger mil prefeitos, entre os 5.570 municípios brasileiros. O projeto inclui nomes “de peso” para concorrer nas nove cidades da região.  


O planejamento é capitaneado pelo que ele chamou de “efeito Joice Hasselmann”, aposta da legenda à Prefeitura de São Paulo, o maior colégio eleitoral brasileiro. “Ela será o nosso carro-chefe, inclusive para atrair mais candidatas mulheres para os cargos de prefeitas e vereadoras”.  


As eleições municipais do ano que vem serão as primeiras com a validade da Emenda Constitucional 97/2017, que veda a celebração de coligações proporcionais para o Legislativo. Com isso, cada agremiação partidária terá de indicar o quadro completo de seus candidatos, sem poder unificar chapa com outras legendas. A regra determina ainda cota mínima de 30% de mulheres no pleito. 


Chapas puras 


Sem revelar nomes, Bozzela afirma ter iniciado diálogo com políticos de expressão local para definir quem vai concorrer no próximo ano. A intenção é lançar chapas puras, ou seja, prefeito e vice filiados ao PSL.  


Contudo, o parlamentar não descarta coligações na disputa ao cargo majoritário. A movimentação faz parte dos planos da legenda para se consolidar no cenário político, tendo em vista a sucessão à Presidência da República em 2022. E fazer frente à Aliança pelo Brasil, partido criado por Jair Bolsonaro.


Logo A Tribuna
Newsletter