Efeito pandemia: Baixada Santista soma 16.537 registros de MEIs em nove meses

O ano de 2020 registrou alta de 12,45% no número de moradores que se tornaram Microempreendedores Individuais. A Tribuna traz o passo a passo para você começar a empreender; confira

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  26/10/20  -  14:50
Entre janeiro e setembro, 16.537 pessoas da Baixada Santista viraram empresários
Entre janeiro e setembro, 16.537 pessoas da Baixada Santista viraram empresários   Foto: Reprodução/Portal do empreendedor

Marcado pela pandemia do novo coronavírus, o ano de 2020 registrou alta de 12,45% no número de moradores da região que se tornaram Microempreendedores Individuais (MEI). Entre janeiro e setembro, 16.537 pessoas da Baixada Santista viraram empresários, contra 14.706 no mesmo período de 2019.


Clique aqui e assine A Tribuna por apenas R$ 1,90. Ganhe, na hora, acesso completo ao nosso Portal, dois meses de Globoplay grátis e, também, dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Disponíveis no Portal do Empreendedor, os números chamam atenção. Segundo o analista de negócios do Sebrae na região, Leonardo Luiz de Abreu, não há como afirmar se as consequências da covid-19 impactam nos números, pois o interesse das pessoas em empreender como MEIs cresce ano a ano.


>> Confira o passo a passo para empreender que A Tribuna separou para você


"Enxergo esse crescimento como natural, mas é interessante ponderar o que leva a isso. A pesquisa GEM, que mapeia tudo o que diz respeito ao empreendedorismo dos países, aponta que o Brasil continua tendo como maiores motivações a falta de emprego e a pretensão de melhorar a renda”.


Tendência


Abreu aponta que, em 2019, foi registrada a maior taxa de empreendedorismo inicial no País, de 23,3%, o que dá ainda mais força aos números registrados neste ano. 


“A pesquisa GEM considera, nesse empreendedorismo inicial, empresas com até três anos e meio de vida. O mapeamento já diz que neste ano, devido à crise gerada pela pandemia do coronavírus, o Brasil deve atingir 25% da população adulta envolvida com a abertura de uma empresa (seja MEI, ME, EPP)”.


Segundo o analista do Sebrae, pesquisas revelam o interesse em empreender atrelado à necessidade, em resposta à falta de oportunidades e empregos, mas existem outros atrativos: sair da informalidade, gerar nota fiscal, ter direito a benefícios previdenciários e linhas de crédito especiais e receber suporte do Sebrae.


Hoje, um MEI paga entre R$ 53,25 e R$ 58,25 por mês, sendo o menor valor a atividades de comércio e indústria e o maior no comércio e serviços. Do total, R$ 52,25 correspondem ao recolhimento para o INSS, “um investimento nele (MEI)”, de acordo com Abreu. O restante é para ICMS e ISS.


Ricardo conta que a pandemia dificultou a vida de quem procura por emprego 
Ricardo conta que a pandemia dificultou a vida de quem procura por emprego    Foto: Carlos Nogueira/AT

Inadimplência


Ao mesmo tempo em que o número de MEIs aumenta, a inadimplência de 54% continua a ser um ponto negativo na Baixada Santista. Dos 116.891 microempreendedores individuais, em julho, 63.122 deixaram de pagar a guia de Documentos de Arrecadação do Simples Nacional (DAS).


Abreu lamenta o índice, mas informa que ele está em queda, pois já chegou a bater na casa dos 70%. A cidade com menor inadimplência é Santos, com 47,25%, que também ostenta o posto de município com maior abertura de empresas.


O analista acredita que a falta do pagamento esteja atrelada à desinformação e alerta para os problemas que as dívidas podem gerar, como a perda de direitos e benefícios previdenciários, o acúmulo de uma dívida e o eventual encerramento do CNPJ, a mando da Receita Federal.


"O que acaba ocasionando a inadimplência, em primeiro lugar, é a falta de informação. Muitos MEIs vêm até nós dizendo: ‘fiquei sabendo agora que teria que pagar alguma coisa’. Nesse ‘agora’, a pessoa tem débitos desde 2015 e a soma chega a dar R$ 5 mil”.


Personagem 


Ricardo e Felipe Almada


51 e 19 anos, microempresários


Agora microempresário, Ricardo conta que trabalhou por dez anos na informalidade, realizando instalações de gás em residências. A guinada para se tornar MEI, neste mês, atende a alguns objetivos dele, como formalizar a empresa, garantir benefícios previdenciários, poder emitir nota fiscal (exigida por muitos clientes e empresas) e, em especial, trazer o filho Felipe para participar da empresa. Inicialmente, o jovem entra como funcionário, mas com portas abertas para desenvolver a empresa e ganhar experiência profissional. 


Ricardo conta que a pandemia dificultou a vida de quem procura por emprego, seja por escassez de vagas ou falta de tempo no mercado de trabalho, tudo o que oferece ao filho como MEI.


Logo A Tribuna
Newsletter