Sítio arqueológico com peças portuguesas raras do século 17 é encontrado na Baixada Santista
Pesquisadores encontraram mais de quatro mil artefatos; há indícios da convivência entre portugueses e índios
Um sítio arqueológico com mais de 4 mil artefatos do século 17 foi descoberto em Cubatão. Dentre os objetos localizados, há alguns considerados raros, de acordo com a arqueóloga Tatiana Fernandes.“A faiança portuguesa é uma louça bastante antiga e rara de se encontrar em sítios arqueológicos e históricos no Brasil”, explica. Além das peças de louça portuguesa, foram encontrados artefatos de cerâmica indígena e um fragmento de louça chinesa.
O Sítio Arqueológico Vale Verde, com 777 m², foi descoberto enquanto a empresa Preservar Arqueologia e Meio Ambiente fazia pesquisas em uma área de mata entre Cubatão e Praia Grande – onde deve ser construída uma linha de transmissão de energia pela Empresa Litorânea de Transmissão de Energia S.A.
A pesquisadora destaca a importância da descoberta para o estudo da história da região. “A descoberta possibilita visualizar e entender como se deu esse processo inicial da ocupação do Litoral de São Paulo”.
Segundo ela, alguns dos elementos descobertos demonstram o contato entre portugueses e indígenas. “A cerâmica indígena não tem, por exemplo, alças e bicos. Isso é um elemento europeu que começa a aparecer na produção da cerâmica indígena”.
Além dos artefatos encontrados, as estruturas e marcas no solo que foram analisadas pelos pesquisadores revelam mais sobre o local. “Achamos elementos que indicam uma base de uma casa, uma base de pedra”, diz a arqueóloga.
No entorno do sítio, os pesquisadores verificaram a existência de estradas calçadas com pedras, o que levantou a hipótese de a casa em questão ser uma espécie de parada, como um pouso de tropeiros ou um entreposto de comércio.
Após a descoberta, o material foi encaminhado para um laboratório. Ali, ele passará por higienização, catalogação e análise. Posteriormente, o acervo encontrado no Sítio Arqueológico Vale Verde deve ser exposto em um museu.
De acordo com a arqueóloga, os artefatos ficarão sob a guarda da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, localizada em São José dos Campos, no interior de São Paulo.
