Relacionamentos amorosos com homens em cárcere é tema do espetáculo ‘Cartas da Prisão’

Enredo mostra as nuances da história vivida entre 'M' e um presidiário que assassinou mais de 40 mulheres

Por: Por ATribuna.com.br  -  15/04/21  -  13:45
Peça teatral reflete sobre relacionamentos abusivos, mesclando ficção e histórias reais
Peça teatral reflete sobre relacionamentos abusivos, mesclando ficção e histórias reais   Foto: Divulgação

Cartas da Prisão, um espetáculo idealizado pela atriz Chica Portugal em parceria com a dramaturga e roteirista Nanna de Castro, está em cartaz no YouTube até 20 de abril. Dirigida por Bruno Kott, a peça será exibida às segundas e terças-feiras, apartir das 20h, por meio do canal Projeto a Meia Luz..


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O projeto foi contemplado pelaLei Aldir Blance apresenta, em formato híbrido de vídeo documental e teatro, a evolução de um romance via correspondência entre uma mulher de 42 anos e um assassino em série.


A leitura das cartas e o enredo da peça mesclam histórias reais e fictícias sobre violência doméstica e relacionamentos abusivos, revelados com intuito de levar o público à reflexão. A peça é conduzida por Rita, uma atriz-performer interpretada por Chica Portugal.Ao final de cada espetáculo, o público será convidado para participar de um bate-papo (via zoom) com a equipe da peça. O projeto também terálivescom especialistas sobre relações abusivas e masculinidade tóxica.


Ao longo da peça, o público acompanhará a evolução do relacionamento de M e o desgaste da relação entre Rita e sua mãe, até que as histórias se tornam cada vez mais parecidas. Rita também traz para a cena depoimentos reais de mulheres que viveram experiências amorosas com abusadores, além de materiais diversos sobre o tema.


Entre todas as histórias, a personagem leva ao entendimento dos possíveis tipos de situações abusivas que podem ser vivenciadas – física, moral, psicológica, sexual ou patrimonial – e como essa realidade é comum na vida de mulheres de diversas classes sociais e raças.Segundo estimativa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres, de junho de 2019 a junho de 2020, mais de 240 milhões de mulheres e adolescentes de 15 a 49 anos de todo o mundo foram vítimas de violência sexual e/ou física por um parceiro.


Nanna de Castro comentou a inspiração do projeto. “Abracei o desafio com a satisfação especial de falar sobre um tema que conheci de perto: o abuso. Muitas mulheres da minha geração sequer sabiam que estavam vivendo agressões psicológicas e, ainda hoje, muitas de nós normatizam relacionamentos abusivos. É comum acharmos que esta história é da outra, e não nossa".


"Dentre as facetas das relações abusivas, sempre me intrigou as mulheres que se correspondem com criminosos sexuais confessos na prisão. É comum que assassinos recebam centenas de cartas de amor de mulheres que os conhecem apenas pelo noticiário. É como se o abuso fosse não apenas aceito, perdoado, mas acolhido. Não quero e não posso julgar estas mulheres, apenas convidar o público a partir desta situação extrema e refletir sobre nossa convivência com a violência e o desrespeito não apenas no nível pessoal, massocial”, refletiu a idealizadora.


Chica Portugal fez uma pesquisa, iniciada em 2018, sobre relações afetivas abusivas. O processo seguiu com a criação do texto de Nanna de Castro, que rompe propositalmente o limite entre realidade e ficção transitando entre depoimentos verdadeiros e fictícios.Obras como Mulheres que Amam Demais (Robin Norwood) e Loucas de Amor (Gilmar Mendes) foram usadas como material de apoio para a elaboração do roteiro.


A pesquisa de Chica deu origem ao Projeto À Meia Luz,que oferece informações e propostas em diferentes frentes artísticas para a conscientização a respeito de assuntos ligados a violência doméstica, com ênfase em relacionamentos abusivos.


O diretor Bruno Kott fez sua leitura da obra inspirado na linguagem documental. “A arte antes de tudo, é o exercício de democracia. O teatro sempre me traz oportunidades de aprendizado. Cartas da Prisão é um exemplo disso. Colaborar para que esta história seja contada me faz exercitar o meu ofício, minha escuta, potencializar discursos, e rever o meu papel no mundo", concluiu.


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