Para o ator Christian Malheiros, não faltam Sócrates pelo Brasil

Santista, o protagonista do premiado filme nacional está feliz que a história chegará a mais gente, no Canal Brasil

Por: Thaís Lyra & Da Redação &  -  26/03/20  -  10:31
Atualizado em 26/03/20 - 10:34
  Foto: Divulgação

O longa-metragem Sócrates, protagonizado pelo santista Christian Malheiros, estreia nesta quinta-feira (26), às 21h15, no Canal Brasil. A produção conta a história de um jovem da periferia de Santos, que tem uma rotina atribulada. A mãe, uma faxineira de origem humilde, morreu recentemente, deixando-o sem qualquer meio de subsistência.


Também de origem pobre – Malheiros não passou pelas mesmas dificuldades do protagonista –, mas enfrentou vários desafios para conseguir mudar a própria história. E receber o roteiro de Sócrates o fez refletir não só sobre sua vida, mas de tantos jovens da periferia.


“Vi o grande universo que estávamos dispostos a retratar nas telas e ali percebi que tinha assumido um grande compromisso com aquele personagem e com aquela história, que muito tem a ver com a realidade de tantos”. 


Segundo ele, uma realidade nada fácil. “Nós, que nascemos na periferia e principalmente quem é negro, temos que aprender a amadurecer muito cedo. Os problemas sociais não batem na porta, eles invadem as nossas casas e as nossas vidas desde que nascemos e assim vamos buscando formas de sobreviver, de mudar as estatísticas. E não é de hoje. A situação já é crítica há muito tempo”. 


E, para ele, quanto mais gente tiver acesso a essas questões, melhor. A estreia de Sócrates, no Canal Brasil, é motivo de comemoração para o ator, uma vez que será exibido em vários dias e horários. “Para todo artista, a exibição e a propagação do seu trabalho é importante para que a nossa mensagem chegue a todos”.


No caso específico do filme, que recebeu três indicações ao Independent Spirit Awards (o Oscar do cinema independente), nas categorias melhor filme com orçamento inferior a US$ 500 mil, diretor revelação e melhor ator, para Malheiros, trata-se de uma grande realização. “Recebi a notícia de uma forma muito surpresa. Agradeço muito por isso. Mas minha felicidade está na forma como as pessoas são tocadas pelo nosso filme. Como a nossa história sensibiliza até as pessoas que não falam a nossa língua. E como essa história, além de mostrar nossas fragilidades na pele de um menino, fortalece a nossa alma com o desejo e a esperança de um mundo melhor para todos os Sócrates desse Brasil”.


Dificuldades 


Em um momento que está tudo parado devido à pandemia do coronavírus, o jovem não perde sua esperança de dias melhores. “Meus próximos passos são colaborar como cidadão para que possamos passar por toda essa crise na saúde sem maiores danos à vida. Que o bem-estar da população seja sempre primeira prioridade, mesmo que não seja a prioridade do governo, infelizmente”.


Aliás, esta não é a única crítica do ator. “Trabalhar com arte no Brasil é exercitar a criatividade de tal maneira que, quanto mais somos desvalorizados, mais encontramos formas de (re) existir. Para o desespero de alguns, a arte nunca vai acabar”.


E aponta caminhos: “Estamos em um momento em que o audiovisual no geral está paralisado. Mas não podemos deixar de contar as nossas histórias; é hora de fortalecer os movimentos independentes e os projetos que têm a mesma filosofia do Instituto Querô”, acredita o jovem, descoberto pelo projeto santista.


Serviço


Sócrates. Estreia nesta quinta-feira (26), às 21h15. no Canal Brasil, com Reapresentação nesta sexta-feira (27), às 18h10; sábado (28), às 7h30; dia 30, às 14h55 e dia 31, às 10h20.


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