Paixão pelo futebol em bate-papo com José Miguel Wisnik em Santos

Músico e ensaísta conversa sobre o fenômeno que é esse esporte, capaz de mobilizar multidões e motivar paixões por todos os cantos do mundo. Encontro será no Sesc, nesta quarta-feira

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  28/01/20  -  09:44
Atualizado em 28/01/20 - 09:51
Conversa parte do livro Veneno Remédio - O Futebol e o Brasil
Conversa parte do livro Veneno Remédio - O Futebol e o Brasil   Foto: Divulgação/Renato Mangolin

Um bate-papo sobre futebol traz ao Sesc Santos, nesta quarta-feira (28), a partir das 20 horas, o músico e ensaísta José Miguel Wisnik, que vai falar sobre o fenômeno que é esse esporte, capaz de mobilizar multidões e motivar paixões por todos os cantos do mundo.


A conversa parte do livro Veneno Remédio - O Futebol e o Brasil, que Wisnik lançou em 2008 e tem uma ligação especial com a Baixada Santista. Nascido em São Vicente, em 1948, o autor traz na introdução do livro suas lembranças de futebol na região.


“É um aspecto bem local sobre a minha memória de futebol de praia, de várzea e dos times da Baixada”, conta ele, que pretende aproveitar-se dessa característica comum com a plateia do Sesc para iniciar a conversa.


Na literatura


Nas páginas desse ensaio, craques como Pelé, Garrincha, Domingos da Guia e Romário põem à prova, com sua linguagem não-verbal, ideias sobre o Brasil de escritores como Machado de Assis, Mário e Oswald de Andrade, sociólogos como Gilberto Freyre, historiadores como Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior. Na costura do texto, Wisnik faz uma tentativa de compreender um fenômeno que é a cara do Brasil.


O mais recente livro do autor vicentino é Maquinação do mundo - Drummond e a mineração, de 2018, onde ele identifica na obra de Carlos Drummond de Andrade o ponto crucial da atividade mineradora. “O livro ficou muito ligado aos acontecimentos de Mariana e Brumadinho. Drummond já tratava disso há 50 anos”.


Wisnik também é conhecido por seus estudos a respeito do movimento modernista, cuja dissertação de mestrado resultou no livro A música em torno da Semana de Arte Moderna de 1922, de 1977, vencedor do Prêmio Jabuti.


Música


Atualmente, o ainda professor do departamento de Literatura da USP está preparando um novo álbum, o quinto da carreira, que deve ser lançado ainda neste ano. “Já tenho mais da metade do repertório pronto, mas ainda não tenho uma data para o lançamento”, adianta ele, que terá no novo disco parcerias com Arnaldo Antunes e Carlos Rennó.


A partir dos anos 1980, ele se dedicou também à composição de trilhas para teatro, dança e cinema, como nas peças As Boase Mistérios Gozosos, ambas com direção de Zé Celso Martinez Corrêa, além do balé Parabelo, em parceria com Tom Zé, e os filmes Terra Estrangeira, de Walter Salles e Daniela Thomas.


Depois de ter canções gravadas por intérpretes como Ná Ozzetti, Maria Bethânia, Gal Costa, Zizi Possi, no início dos anos 1990, ele lança seu primeiro disco, José Miguel Wisnik, com participação de vários artistas, e que foi seguido de mais três trabalhos autorais: São Paulo Rio, em 2000, e Pérolas aos Poucos, em 2003, e Indivisível, de 2011. Como produtor musical, ele dirigiu ainda o disco Do Cóccix ao Pescoço, de Elza Soares, em 2002.


Relação com São Vicente


O autor conta que toda sua obra traz São Vicente como referência. “Minha iniciação musical e literária e tudo o que eu vim a fazer depois disso tem influência na minha vivência aqui”, garante ele, que deixou a Cidade quando fez 18 anos para cursar Letras, na Universidade de São Paulo (USP).


Ele lembra que o movimento cultural era muito forte na região na sua adolescência. “Tinha o Festival Música Nova, lembro de assistir concertos no auditório da antiga Rádio Tribuna, de ler artigos em A Tribunado Gilberto Mendes e do Willy Corrêa de Oliveira. Tive uma base muito boa.”


Para o encontro gratuito no Sesc (Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida) não é necessário retirar ingresso com antecedência, mas a lotação está sujeita à capacidade do auditório.


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