Ironia e críticas marcam o novo livro de Manoel Herzog

'Boa Noite, Amazona' (Alfaguara) terá lançamento na Realejo a partir das 19h desta sexta (14)

Por: Lucas Krempel & Da Redação &  -  11/06/19  -  17:29
Manoel Herzog finaliza uma obra para 2021
Manoel Herzog finaliza uma obra para 2021   Foto: Pablo Saborido / Divulgação

O escritor Manoel Herzog não para! Após lançar o projeto musical 'Canções de Amor Caiçara', em parceria com Marcos Canduta, ele divulga na sexta-feira (14) sua nova obra literária, 'Boa Noite, Amazona' (Alfaguara).O lançamento será na Realejo, a partir das 19h.


Na nova obra, Herzog apresenta um economista de esquerda que trabalha para um grande banco privado. Cheio de contrariedades, o personagem é contra o aborto e a pena de morte, mas se recusa a dar os mínimos direitos trabalhistas ao caseiro do sítio em que mora. Participa de confrarias e seitas, é membro da maçonaria. Diz ser humanista, mas perde a cabeça quando um mutuário de empréstimo consignado não consegue pagar as dívidas.


“O protagonista sem nome deste livro é o homem mediano pós-64 do Brasil. Lutando por atingir e manter um status de classe média, vindo de um proletariado recém-ascendido e com risco perpétuo de retorno à miséria, ele se apega aos preconceitos clássicos desta faixa social. E, ao mesmo tempo, buscando sobreviver e mantendo princípios humanistas, não tem pudor e sem renunciar a tais princípios pra não sucumbir”.


De acordo com Herzog, o personagem é o retrato da classe média. “É grosseiro, violento, inculto por deficiência de formação num sistema educacional sucateado, mas que aspira a uma posição intelectual de formador de opinião, dando pitacos na situação política como quem comenta a escalação de um time”.


Aos 49 anos, o protagonista passa por uma crise aguda. Divorciou-se da mulher, o pai morreu. Queria ser escritor, mas não consegue produzir nada digno de nota. É diagnosticado com a chamada Síndrome das Pernas Inquietas. Uma bruxa-espanhola lê seu destino no tarô e lhe diz que sua salvação está na floresta. Ele decide, então, empreender uma viagem ao coração da Amazônia, onde espera se perder e se reencontrar. Para o autor, a Amazônia como cenário é uma forma de lembrar de um dos nossos maiores bens. E para justificar esse ponto, tece críticas ao atual governo.


“A floresta, o que ainda restou dela, é o símbolo maior da nossa tendência suicida, da destruição contínua do que é nossa alma, da alienação ao interesse estrangeiro, a assunção de nosso complexo de inferioridade, nossa brutalidade, nossa estupidez”, avalia o escritor. “O Brasil morre a passos largos, junto com a Amazônia, e o governo que aí está, um governo que simboliza a morte, em última análise, é talvez o tiro de misericórdia na brasilidade. Oxalá sobrevivamos”.


Mesmo com esse livro saindo do forno, Herzog já sabe o que vem na sequência: “O próximo deve ser um livro de pegada futurista e ecológica, algo tipo distopia, ambientado aqui na região. O título, por hora, adianto, é 'A Língua Submersa'”.


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