Instalações, exposições coletivas, seminários, mesas, performances e oficinas vão movimentar as ruas do Valongo a partir de hoje. É a 4ª edição do Valongo Festival Internacional da Imagem, que volta a Santos e segue até domingo (10), sempre a partir das 10 horas e com acesso gratuito.
Buscando conversar com o território, o tema escolhido para este ano é 'O melhor da viagem é a demora'. “Tem uma coisa que é muito importante que é se tomar o espaço. Uma mobilização cultural que não tem interesse em ocupá-lo de fato, mas dialogar com ele”, explica a curadora do festival, Diane Lima.
Ela selecionou 13 artistas para compor uma exposição coletiva com diversas linguagens, mas que dialogam com os eixos e tema principal.
Residências
Também foram escolhidos, por meio de chamadas, três artistas que passaram um mês no bairro e, a partir de suas experiências e impressões, puderam desenvolver exposições que, assim como a coletiva, serão visitadas durante os três dias do evento.
O estrangeiro Eric Magassa, por exemplo, criou Horizon, utilizando vários materiais e linguagens, como escultura, pintura, vídeo e fotografia, para compor uma instalação.
Em cores vibrantes e elementos abstratos, a obra de Magassa possibilita a discussão sobre a apropriação de objetos africanos e imagens coletados por museus, que foram apropriados e inseridos na lógica da racialidade moderna ocidental, possibilitando um diálogo entre o Valongo e o mundo Atlântico.
Além de Magassa, fazem parte da residência a artista mineira Malu Avelar, com a exposição 'Sauna Lésbica', e a baiana Rebeca Carapiá, com 'Como colocar as palavras no ar'.
Projetos regionais
Uma quinta exposição foi selecionada dentro da chamada destinada a propostas artísticas da Baixada Santista, para incentivar a produção cultural na região. Em [terra-protótipo], Tames Santos apresenta o retrato de um futuro distópico do território do Valongo, numa combinação entre imagem cartográfica, luz e som.
Já a artista Litta Afrontite apresenta no sábado (9), às 20 horas, o projeto 'Resistência na quebrada', que reúne atividades como roda de conversa, debate, discotecagem e apresentações de música para tratar do funk como elemento cultural que compõe a formação identitária e estética das periferias da Baixada Santista.
Com a participação do grupo Mães de Maio, Litta promove ainda uma conversa sobre a criminalização do funk e do combate ao extermínio de jovens da periferia.
“Em abril, eu e meu companheiro fizemos uma pesquisa musical sobre o funk e trazemos as letras, colocando esse pensamento do extermínio da juventude negra periférica”, explica a artista.
Seminários
O festival conta ainda com oficinas e seminários gratuitos. O destaque fica por conta da artista, ativista, autora, produtora cultural, escritora e defensora-pública Rasheedah Phillips, dos Estados Unidos, que vem pela primeira vez ao País, no domingo (10), para falar sobre Black Quantum Futurism (BQF) e apresentar os princípios e métodos desta teoria, para que ele ajude a manipular o tempo e ver o futuro. Uma mesa também deve debater estratégias para o futuro da produção cultural, tratando do desmonte da Cultura e da precariedade de acesso à arte.
“Esse ano foi um ano especialmente difícil no setor cultural, desafiador, mas a força de vontade foi maior e fazer o festival foi um ato de resistência”, afirma Thamyres Matarozzi, idealizadora do evento.
A programação completa do festival pode ser conferida no site oficial.