Uma história que remete às origens do Brasil, passando pela miscigenação cultural da formação do povo, e avança falando do desejo de um trabalhador portuário em realizar seu sonho de atuar em um circo. Tudo contado numa narrativa que mistura comédia, dança e arte circense. Este é o enredo do espetáculo Marabá, que estreia hoje na tenda montada na Praia do Itararé, em São Vicente.
Para contar essa história, que começa em 1.500, com a chegada das primeiras caravelas ao País, a trupe do Circo Rudá apresenta à plateia, por meio de acrobacias e malabares, as impressões dos marujos e corsários que chegavam à terra desconhecida.
Com coreografias e teatro, o público poderá assistir batalhas travadas durante as viagens, a descoberta do Brasil, com suas florestas e animais, e até o romance dos europeus com as índias.
Além do show de equilíbrio, giros, pulos e saltos, como é esperado em um picadeiro, palhaços também dão o tom humorístico ao show. Uma bailarina traz a leveza da dança para a história. São 35 pessoas envolvidas em toda a produção! “São inúmeras áreas de várias disciplinas artísticas diferentes que se encontram no palco. O circo é a arte das artes”, afirma o diretor do espetáculo e criador do Circo Rudá, Gustavo Lobo.
Na segunda parte da produção circense, depois de 400 anos, tendo como cenário o Porto de Santos, o personagem Marabá (nome de origem tupi-guarani, que representa o mestiço, filho de francês com índio) é um estivador, que também trabalha como faxineiro nos bastidores de um circo e sonha atuar no picadeiro.
Lobo, que tem mais de 11 anos de experiência em circos internacionais e foi ginasta, faz uma participação especial no final da apresentação. Marabá conta ainda com concepção artística e de figurino de Leandro Vieira, carnavalesco da escola de samba carioca Mangueira, e roteiro da diretora de teatro santista Neyde Veneziano.
Arte imita a vida
O enredo de Marabá faz um link com a vivência pessoal de Lobo. Ginasta ganhador de medalha olímpica, ele integrou algumas das principais companhias circenses do mundo, como as canadenses Cirque Du Soleil e Cirque Eloize, e a suíça Teatro Sunil, de Daniele Finzi Pasca. De volta ao Brasil, sem perspectiva de retornar à prática esportiva, ele chegou a trabalhar no complexo portuário. Foi nesse período que ele começou a idealizar o Circo Rudá, com o objetivo de produzir espetáculos que reunissem música, expressão corporal, dança e dramaturgia, com movimentos de alta performance atlética e artística.
Em busca de parcerias
Com 80% do elenco formado por profissionais da região, Lobo lamenta a falta de incentivo na Baixada Santista para esse tipo de trabalho. “O cenário é um pouco triste para um santista. O fato de uma companhia circense da Cidade não ter apoio nenhum é muito sério. Indiretamente, eu tenho 100 funcionários, diretamente, 35. Estou gerando emprego na região e não tenho apoio. Essa parte é desmotivante”, afirma.
O projeto conta com incentivo da Lei Rouanet, mas ainda procura parceiros para que o espetáculo possa se manter em São Vicente e seguir em turnê por outras cidades. “Se não tem patrocínio, se não tem apoio, ele não sobrevive só de bilheteria e de front house (área de comercialização de produtos na entrada do circo)”, desabafa o diretor do espetáculo.