Cia. Etra volta à cena com três espetáculos

Elementos água, homem e fogo inspiram as montagens da companhia de dança contemporânea, que ocupa o Sesc no fim de semana

Por: Guilherme Gaspar & Colaborador &  -  06/09/19  -  19:01
  Foto: Divulgação

Baseados em diferentes elementos da natureza - a água, o homem e o fogo - três espetáculos da Cia Etra de Dança Contemporânea serão apresentados no Sesc Santos (Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida) neste final de semana. São eles: Escarcéu (amanhã, às 20h), Arrastão (sábado, às 18h) e Vulcão (domingo, às 18h). Os ingressos estão à venda na bilheteria da unidade, com preços a partir de R$ 5,00.


Criada em 2001 por Ariadne Filipe e Edvan Monteiro, a Cia Etra atua em Santos desde 2009. A trilogia 'Naturam Corporis' marca o retorno da companhia à cidade, uma vez que a última apresentação ocorreu há seis anos.


Arrastão


Construído entre 2015 e 2016, o espetáculo de rua 'Arrastão' surgiu a partir de um episódio vivenciado por alunos de Edvan, que sofreram um arrastão poucos minutos antes de chegarem ao centro cultural, espaço onde estava marcada uma aula.


“Ele ficou muito chocado pela maneira com que seus alunos haviam descrito aquele roubo. Decidiu fazer um estudo em cima daquilo, que deu origem à nossa apresentação”, explicou o coreógrafo.


Depois de um tempo, a ideia do Arrastão cortou a relação com o roubo e se aproximou do movimento do corpo, “da maneira em que ele se desloca em coletivo e é capaz de transformar o espaço ao seu redor”.


Assim, as manifestações durante o Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff tiveram grande influência na apresentação. “Fizemos um estudo sobre o corpo do manifestante, que é mais uma voz a ser ouvida”.


Escarcéu


Inspirado no livro 'Escarcéu de Corpos', do escritor carioca Jorge Miguel Marinho, o espetáculo 'Escarcéu' resgata a essência da luta na época da ditadura militar no Brasil, partindo de corpos que foram jogados nos porões.


“Ele traz um corpo coletivo mas diferente, por não saber distinguir sua natureza. De certa forma, traz toda essa trajetória de vida que temos agora”, analisou.


De acordo com Ariadne, há, ainda, influências do movimento das ondas do mar, “que se enfurecem e jorram a água para cima”.


Vulcão


O terceiro espetáculo da trilogia 'Naturam Corporis' conta toda a trajetória de Ariadne e Edvan em seus 18 anos à frente da companhia. “Há uma simbologia, onde tudo o que passamos, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, está dentro daquele vulcão”, apontou ela.


A origem de Vulcão está ligada ao artista cearense José Leonilson Bezerra Dias, que usava coisas de sua vida pessoal para retratar a subjetividade da vida em seus bordados. Para Ariadne, a história de Leonilson é parecida coma da Cia Etra.


Isso justifica a presença de diferentes nomes que passaram pela vida da dupla no vulcão, que mostra uma história de vida e de renascimento.


“Se pensarmos na natureza, o vulcão destrói o que vê pela frente, mas deixa toda a fertilidade possível para que a vida seja reconstruída naquele local”, pontua Ariadne, relacionando o fato à sua história de vida.


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