'As Mulheres Contam' reflete sobre a violência contra a mulher

Especial de contação de histórias, no Sesc Santos, faz uma reflexão sobre a forma como a violência é abordada

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  13/03/19  -  09:13
  Foto: Bruno Poletti / Folhapress

Uma reflexão sobre a violência contra a mulher, que passa pelos contos de fada, noticiário e relatos de feminicídio. Esse é o tema da programação de 'As Mulheres Contam', evento dos contadores de história do Coletivo Contar é Preciso, que acontece este mês no Sesc Santos.


Nesta quarta (13), às 19h, no primeiro painel, a Voz do Medo, numa referência ao estilo do repórter policial Gil Gomes, que tinha uma narrativa peculiar de contar os fatos jornalísticos, os contadores trazem para o público duas histórias marcantes de violência contra as mulheres.


Uma delas é a da farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, que travou uma batalha na Justiça para que o marido fosse preso por tentar matá-la. O processo longo, de mais de 19 anos, serviu de inspiração para muitas mulheres e motivou a Lei Maria da Penha, de 2006.


O outro caso é o da origem da data escolhida para celebrar o Dia das Mulheres, em 8 de março. Em 1911, um incêndio ocorrido numa fábrica em Nova Iorque vitimou 146 trabalhadores, sendo 125 mulheres. O incidente trouxe à tona as más condições enfrentadas por mulheres na Revolução Industrial, que permaneciam trancadas, sem uma rota de fuga, para produzir mais.


No dia 20, às 19h30, evento foca no noticiário policial, no painel A História Delas. Aqui, uma das histórias narradas, em primeira pessoa, é a da empresária carioca Elaine Caparroz, que em fevereiro foi espancada durante quatro horas por homem com quem havia se encontrado pela primeira vez.


“Aqui temos a participação de um grupo de comunicação combativo que identificou que certos termos utilizados nas matérias acabam colocando a mulher de vítima como a causadora da situação”, explica a contadora Cora de Assis.


O público vai conhecer a cartilha da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Imprensa e ver um varal de matérias para refletir como as notícias são publicadas e como poderiam ter sido escritas.


Contos de fadas
Já no dia 27, às 19h30, em De Rapunzel até nossos tempos, o tema principal são as princesas dos contos de fadas. O coletivo faz uma análise e releitura de alguns clássicos que colocam a mulher dependente da boa vontade alheia.


“Na visão da Disney, a mulher espera sempre a ajuda de um homem, uma mulher fraca. Nos contos originais, como os dos irmãos Grimm não acontecia desta forma. Lá a mulher pode se defender”, explica Cora.


A contadora afirma que histórias como as de Cinderela ou de Branca de Neve foram higienizados pela cultura machista e que escondem assim a condição madura e de alertadas mulheres.


“A exceção é Rapunzel, que ficou mais forte. Uma princesa que vive em cárcere privado que decide romper com isso. No meio do caminho, ela encontra com o príncipe, que havia ficado cego e com uma lágrima o cura. É uma situação de bravura”, lembra.


As Mulheres Contam acontece sempre às quartas-feiras, no Sesc Santos, que fica na Rua Conselheiro Ribas, 136, na Aparecida, em Santos. A entrada é gratuita.


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