Último personagem de Sérgio Mamberti é interpretado pelo filho, em peça no Sesc Santos
O Ovo de Ouro terá Duda Mamberti assumindo o papel que foi do pai, que morreu em setembro
Não é a primeira vez que Duda Mamberti encarna um personagem já vivido pelo pai, Sérgio Mamberti. Mas no espetáculo O Ovo de Ouro, em cartaz neste sábado e domingo (23 e 24), no Sesc Santos, a emoção desse ‘seguir os passos’ é muito mais profunda. Como se sabe, o ator santista Sérgio Mamberti morreu em 3 de setembro, aos 82 anos. “No final (do espetáculo), a gente ouve a voz dele. Isso mexe demais comigo, com a minha emoção”, revela Duda.
Na peça, escrita por Lucas Papp, com direção de Ricardo Grasson, Duda interpreta Dasco Nagy, um judeu sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz. A ideia central gira em torno da função do sonderkommando, ou comandos especiais, formados pelos prisioneiros selecionados para trabalhar nas câmaras de gás e crematórios, enquanto assistiam – e eram forçados a auxiliar – o extermínio de outros judeus. Quem se recusava a exercer esse papel, era morto – escolha macabra, que na prática era apenas mais uma forma de tortura.
“A peça é uma mensagem de alerta para que esse tempo não volte. Que o mundo tenha aprendido a lição e não ande para trás. Que se tenha mais amor e aceitação das outras pessoas”.
Ensaio a dois
O espetáculo primeiro estreou em 2018, para celebrar os 80 anos de Mamberti pai. Mas o filho também já estava envolvido no projeto, desde o início, ensaiando junto com o pai ou, como ele diz, sendo quase um ‘coach’. “Batia o texto com ele, dava sugestões”.
Agora, com Duda, de 56 anos, o personagem ganha outra nuance. “Ganhou um pouco mais de vigor, por eu ser mais jovem. Exploramos mais esse lado físico”.
A peça reestreou semana passada, no Sesc Vila Mariana. Mas chega a Santos como o ápice de uma jornada pessoal para Duda. A Cidade é um celeiro de memórias de sua infância e juventude. O reencontro com tios e primos que aqui moram já está marcado. E ao reviver esses afetos, de certa forma, celebrará a memória do pai.
“Ele era um gênio. Era de uma geração cheia de gênios. A base deles era a leitura, ele era muito sábio, um inventor de cultura, um inventor em todas as áreas, trazia um brilho à cultura”.
Serviço: O Ovo de Ouro. Teatro do Sesc (Rua Conselheiro Ribas, 136), Sábado (23) e domingo (24), respectivamente às 20 e às 19 horas. Ingressos a R$ 40,00, mais informações, no site do sesc.
