Ziraldo comemora 88 anos neste sábado: 'Toda criança tem imaginação enorme'

Responsável pela primeira revista em quadrinhos nacional, o escritor, desenhista, cartunista e jornalista conversou com A Tribuna

Por: Egle Cisterna  -  24/10/20  -  12:22
Ziraldo completa 88 anos neste sábado
Ziraldo completa 88 anos neste sábado   Foto: Divulgação

São 40 anos do lançamento de O Menino Maluquinho, história que fez sucesso com várias gerações e que acaba de ganhar uma edição comemorativa pela Melhoramentos. O livro do garoto que tinha o “olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés”, se multiplicou e virou história em quadrinhos, seriado, desenho animado, filme, teve edições em dez países e vendeu 4 milhões de exemplares. 


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Mesmo já sendo um “quarentão”, Maluquinho ainda desperta o interesse e deve ganhar, no próximo ano, uma animação na Netflix. E por trás de todo esse sucesso, está o escritor mineiro, desenhista, cartunista e jornalista Ziraldo, que completa 88 anos de vida neste sábado (24). Ele foi responsável pela primeira revista em quadrinhos nacional (A Turma do Pererê) e um dos fundadores do jornal O Pasquim, tablóide que fez escola e mudou a linguagem jornalística brasileira. Seu primeiro livro infantil foi Flicts, de 1969, mas O Menino Maluquinho continua sendo seu maior sucesso editorial. Confira, abaixo, entrevista do escritor para A Tribuna.


A que você atribui essa identificação do público que não envelhece e a repercussão tão grande? 


O sucesso de O Menino Maluquinho vem da identificação das crianças com o personagem. E as crianças são as mesmas desde o Menino Jesus. Sofrem pelas mesmas razões, são felizes pelas mesmas razões. O que pode mudar é o entorno: antes os moleques montavam um rádio, hoje dominam a internet. Mas a essência é a mesma. 


Como você se inspirou para criar o personagem tão traquinas? São lembranças de sua infância? 


Sem dúvida, são memórias dos tempos de Caratinga, Minas Gerais, cheias de brincadeiras e de traquinagens. De ler gibis, de ir à escola. É uma composição de tudo isso. 


Num País onde quase não existe incentivos à leitura, chegar à 129ª edição de um livro pode ser considerado um grande feito. Como estimular a formação dos novos leitores? Você considera as telas dos celulares, tablets e computadores concorrentes dos livros ou novas plataformas podem atrair essa nova geração para a leitura? 


Há muitos anos eu disse em entrevista que queria fazer um livro do Menino Maluquinho interativo, em que a criança pudesse brincar, completar o desenho, pintar. Hoje isso é uma realidade que me deixa muito feliz. Pois não importa o meio, se a história for interessante, as crianças vão amar, ficar presas, conversar sobre ela. Se o escritor conseguir isso, ele acertou. 


A pandemia foi um fator que contribuiu para as pessoas lerem mais? 


Na pandemia, milhares de meninos maluquinhos estão presos em casa. Podem estar lendo ou não. Mas toda criança tem uma imaginação enorme, inventa coisas incríveis para encher a cabeça. Em especial as crianças na faixa dos 8 anos – acho que elas são as veias do mundo. E o coronavírus é uma coisa tão misteriosa, uma bola que na verdade é microscópica, que dá para a gente inventar muitas histórias sobre ela. Estou com vontade de fazer uma aventura da Turma do Pererê em torno do coronavírus, porque neste momento qualquer criança sabe o que é coronavírus, é impressionante como a informação hoje é rápida. 


Nestas quatro décadas, desde o lançamento do livro, quais as principais mudanças que você percebe no universo da literatura infantil? 


Quanto ao futuro da literatura infantil, posso responder usando o Menino Maluquinho como exemplo: o personagem está se reinventando e virando multiplataforma. Terá um retorno ao vídeo, agora via Netflix. Enquanto editora, vai haver novidades tanto em livro quanto em audiolivro. Vamos trazer mais contemporaneidade para o personagem, convidando uma nova geração de autores para interagir com o Menino Maluquinho. Desse movimento, virão novas leituras do nosso icônico personagem. 


Como está aproveitando o período de isolamento social? Tem produzido? Alguma novidade para este ano ou 2021? 


Estou ficando mais tecnológico. Não sei o que vem por aí, só sei que eu posso parar, mas o meu personagem não! Então vamos ver o que virá por aí.


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