Violonista de Itanhaém faz história na Inglaterra

Plínio Fernandes se formará na Royal Academy

Por: Bianca Gravanich & Colaboradora &  -  23/08/20  -  17:00
Aos 26 anos, Plínio se diz realizado na música: “Percebi que cheguei onde eu mais sonhei chegar”
Aos 26 anos, Plínio se diz realizado na música: “Percebi que cheguei onde eu mais sonhei chegar”   Foto: Bruna Veloso

O violonista Plínio Fernandes, de 26 anos, está prestes a apresentar o seu recital de formatura no mestrado na Escola Royal Academy of Music, em Londres. A estreia na casa de espetáculos é um grande sonho realizado para o músico nascido no Litoral Sul.


Com vocação para a música desde os primeiros anos de vida, ele conta que o dom está no sangue, já que o bisavô era maestro e foi compositor do hino da cidade de São Bernardo do Campo, e seu pai é um grande amante do violão. 


“Desde os meus 5 anos eu tentava encaixar o violão no meu colo para tocar algo, mas como era muito grande, nunca dava certo”, conta Plínio. “Até que um belo dia consegui fazer algum tipo de som e foi a partir daí que meu pai me levou para fazer aulas com professores locais da cidade. Aos 8 anos, venci um concurso de âmbito nacional e foi isso que me deu o brilho nos olhos de continuar”, relata. 


Plínio já tinha 12 anos quando começou a estudar em São Paulo. Fazia o bate e volta todo sábado, sempre com o incentivo familiar, Na época, começou a fazer alguns concertos na cidade e por toda a Baixada Santista, até que teve a ideia e o incentivo de seu professor de estudar fora do País.


Plínio se formou no Ensino Médio e dedicou o ano seguinte aos estudos de inglês e musical. E foi assim que o violonista conseguiu ingressar em uma das melhores escolas de música do mundo, a Royal Academy of Music, há sete anos, graças também a uma bolsa de estudos do Brasil, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), uma fundação do Ministério da Educação (MEC) responsável pela expansão e consolidação do mestrado e doutorado no exterior.


“O processo de mudança para cá foi bem interessante. Fui aprovado na escola e tive um período muito curto para aprender mais a língua e conseguir o visto”, explica. “Desembarcando na Inglaterra, percebi que cheguei onde eu mais sonhei chegar. Foi um choque quando dei de cara com músicos e professores que eu admirava muito”. 


O músico conta ainda que sua experiência fora do País está superando suas expectativas. “Londres é um lugar incrível e é extremamente inspirador estar aqui, ver que tem gente do mundo inteiro, uma concentração de talentos”.


Pandemia produtiva 


Em meio ao período da pandemia, Plínio se isolou com uma família de amigos, também músicos. “Meu período de quarentena foi muito produtivo. Me isolei com o celista, Sheku Kanneh-Mason, que eu toco junto. Nós temos um duo, e pudemos aproveitar o tempo livre para estudar e treinar”. 


Juntos, os músicos aproveitaram para realizar lives nas redes sociais, e como Sheku – que por sinal tocou no casamento real do príncipe Harry e Megan Markle, possui uma grande exposição nas mídias sociais – as apresentações foram vistas por mais de um milhão de pessoas. “Mantivemos a produtividade musical e a troca com o público acontecendo de uma forma muito diferente de estar tocando e sabendo que tem gente da Austrália, África do Sul ou Canadá assistindo”. 


Plínio ainda gravou neste período, igualmente com os amigos, uma série para um dos mais prestigiados programas da rede britânica BBC One, no programa Imagine


Agora, ele se prepara para o seu recital de formatura do mestrado. “Eu estou focado e estudando para o recital, para dar o meu melhor, pois é o meu último compromisso com a escola como aluno”, afirma. 


A apresentação ainda será sem público, somente com os jurados da banca. “Será estranho me apresentar sem um público, mas de qualquer forma estou contente de terminar essa etapa como estudante, nesse local que me deu tantos frutos, me formou como artista e me deu tanta inspiração”.


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