Transformação social de Cuba sob a ótica de uma santista

Diretora Luciana Sérvulo exibe o documentário Hijos de la Revolución nesta quarta-feira (20)

Por: Bruna Faro  -  20/03/19  -  09:10
  Foto: Reprodução

“Enquanto um país valoriza e alimenta a sua cultura, a coluna vertebral desse país jamais será quebrada”. Com essa mensagem, a santista Luciana Sérvulo descreve seu filme, 'Hijos de la Revolución'. O longa será exibido no Canal Brasil nesta quarta-feira (20), às 14h, e sexta (22), às 5h20.


'Hijos de La Revolución' é um documentário dirigido, produzido e roteirizado por Luciana. A cineasta trabalha na área desde 2000, mas esse foi seu primeiro longa. O filme fala sobre o movimento de abertura política que está acontecendo em Cuba, porém através da perspectiva dos artistas. Todos os entrevistados são relacionados com a cultura cubana.


Segundo Luciana, seu maior objetivo era mostrar o poder da arte no resgate e no valor de um povo, além de registrar dois momentos históricos que estavam acontecendo no país, em 2016. A visita de Barack Obama e o show dos Rolling Stones.


“Esse meu filme não foi um projeto muito pensado. Foi feito no susto, uma surpresa. Quando fui para Cuba, não tinha noção do que ia encontrar, tinha só a ideia de que gostaria de conversar com artistas cubanos”, conta ela.


A viagem para Cuba durou 12 dias e Luciana levou junto com ela sua assistente. As duas foram ao país pagando todos os gastos, pois o filme não tinha nenhum patrocínio. A equipe era composta por elas e por um motorista e um produtor cubanos.


“Fizemos o chamado cinema guerrilha, feito na raça, sem dinheiro, só na utopia, no sonho”, conta a diretora que precisou gastar toda sua poupança para conseguir realizar o projeto. De acordo com ela, valeu a pena investir na arte. “Eu arrisquei usar todo dinheiro que tinha, pois, para mim, a arte é mais importante. Eu vivo disso, é o que respiro”.


Agora, ela está procurando um circuito alternativo, para que seu filme seja divulgado, já que foi produzido de forma totalmente independente. Luciana está fechando uma parceria com o Instituto Querô para uma exibição do longa em Santos. Além disso, o filme já passou em Portugal e ela busca uma distribuidora internacional, para vender o conteúdo a televisões da América Latina e Europa.


A cultura cubana
Auto estima, patriotismo, solidariedade. Essas são as lições que Luciana aprendeu com os cubanos.“É um povo muito alegre, muito aberto, muito doce, mas eles têm algo que o brasileiro não tem, uma convicção e um amor muito grande pelo seu país. Todas as entrevistas que fazia, isso transparecia”.


O filme capta o sentimento festivo que há em Cuba, por simplesmente estar viva. “No filme tem uma cena inacreditável, de um supermercado. Lá não existe sabonete, é tudo criado e de vez em quando chega algum, mas custa caríssimo e a maioria não pode ter. E eles aprenderam a viver assim, sempre felizes”, conta Luciana.


Para ela, é impressionante ver um país que já passou por várias restrições, ter tanta resiliência. “Eles têm e a compreensão do que significa a luta política. Essa consciência é muito forte e se manifesta na auto estima. Eles sabem o seu valor e isso é lindo de se ver”.


Próximos projetos
A cineasta já está investindo em novos trabalhos, entre eles um documentário sobre a cultura de estupro.“Vou contar a história de mulheres que passaram por esse trauma e deram a volta por cima”. Olonga conta com uma ajuda especial, a roteirista será Zélia Duncan.


Além da produção, Luciana está criando um novo sistema independente de fomento e patrocínio a cultura no Brasil.


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