Soul da Paz evoca o respeito e o amor em álbum de estreia

Primeiro grupo inter-religioso brasileiro lança álbum de estreia com oito canções autorais que passeiam por diversos estilos musicais

Por: Lucas Krempel  -  12/08/20  -  13:24
A iniciativa de montar o Soul da Paz partiu do sacerdote Brâhmana “Mahesh”, vocalista do grupo
A iniciativa de montar o Soul da Paz partiu do sacerdote Brâhmana “Mahesh”, vocalista do grupo   Foto: Divulgação

Hinduísmo, judaísmo, cristianismo, umbanda, budismo e espiritismo. Todos estão juntos no primeiro grupo inter-religioso do Brasil. A Banda Soul da Paz, formada por 13 músicos de várias crenças, lançou recentemente o álbum de estreia, homônimo, com oito canções autorais. O disco passeia pelo reggae, rap, rock, entre outros gêneros. Tolerância religiosa, paz e amor são temas das faixas. 


A iniciativa de montar o Soul da Paz partiu do sacerdote Brâhmana – S.G. Mahesvara Caitanya Das – “Mahesh”, vocalista do grupo. Representante do hinduísmo (hare krishna), Mahesh conta que participou de eventos inter-religiosos nos quais cada religioso apresentava sua música característica.


“Ninguém falava de algo comum, o que na verdade era o tema dos eventos: tolerância, respeito ao próximo etc. Criou-se então a ideia de uma banda que falasse desses ideais e incluísse a todos, principalmente os ateus e agnósticos, que sempre ficavam de fora dos momentos de música religiosa”. 


Outro motivo para a criação desse projeto, segundo o rabino Gilberto Venturas, da Sinagoga Sem Fronteiras, é que a música tem o poder de mudar a percepção das pessoas. “Por que não utilizá-la como vetor de mudança de consciência?”, questiona.


O ecletismo no som do Soul da Paz está muito relacionado ao gosto musical de cada um dos integrantes. “Talvez se fôssemos 13 pessoas, cada um de um estilo diferente, não haveria essa ‘liga’ que temos. Somos uma banda inter-religiosa e multicultural e por que não, multi-estilo”, comenta o guitarrista, baixista e vocalista André Herklotz, representante da igreja católica.


Em tempos de tanta intolerância religiosa, política, racial e com identidade de gêneros, os músicos da Soul da Paz acreditam no poder da palavra e dos exemplos para combater esse mal.


“Nosso discurso contra a intolerância não é teórico. Enquanto nos apresentamos, somos o exemplo daquilo que estamos dizendo. As pessoas olham para nós num palco ou vídeo e veem pessoas de religiões diferentes que se unem em prol de um belo objetivo comum. Mais que a união por um projeto, as pessoas veem amigos que estão desfrutando do momento. Amigos cujas diferenças religiosas não importam, pois nos respeitamos”, justifica Herklotz. 


Apesar da banda ter como principal bandeira o combate à intolerância religiosa, o guitarrista reforça que a mensagem também pode ser usada no combate ao preconceito em geral.


“A partir do momento em que as pessoas perdem o medo e rechaço ao diferente, a partir do momento que começa a enxergar o próximo de maneira mais fraterna, isso rompe as barreiras do preconceito de maneira mais ampla. Portanto, podemos impactar não apenas na questão religiosa, mas ajudar a reduzir o preconceito e a intolerância em geral”.


O Soul da Paz conta com parceiros bem conhecidos do rock nacional. Kiko Zambianchi, por exemplo, é o produtor do álbum, enquanto Bruno Gouveia (Biquini Cavadão) gravou uma das canções do álbum de estreia.


“O processo foi feito antes da pandemia, demorou bastante pela dificuldade de se coordenar a agendas dos envolvidos. Posso dizer que foi um experiência que nos trouxe um grande alegria e aprendizado”, garante Herklotz.


Recentemente, o grupo participou da primeira edição do Juntos Pela Vila Gilda, ação social do Blog n’ Roll em parceria com o Instituto Arte no Dique em prol dos moradores do Dique da Vila Gilda, em Santos. A canção apresentada foi Um Ajuda o Outro, que abre o disco de estreia.


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