Sharkey: Clichê nos quadrinhos pode? Claro que pode

Essa é uma questão que as vezes é levantada, mas como eu já disse antes aqui na coluna, história em quadrinhos é como blues: se sofisticar demais vira jazz. Na minha humilde opinião não é para ser assim, já que a repetição de temas e de estereótipos é o normal. E assim é Sharkey, a obra lançada pela Panini e que iremos falar hoje.

O protagonista parece muito com Han Solo misturado com Lobo da DC, um mercenário meio roxo que frequenta bares que parecem ter saído de Star Wars em busca de fugitivos da lei.

Nas primeiras páginas, o nosso anti-herói captura um fora da lei e acaba herdando a tutela do sobrinho do bandido.

O bruto que tem que cuidar de uma frágil criança e mostrar seu lado humano, já viu isso? Com certeza, mas não tem problema, o roteiro é do consagradíssimo Mark Millar e os ótimos desenhos ficam por conta do italiano Simone Bianchi. Aqui fica minha única ressalva nessa obra: os desenhos de Bianchi parecem ser realizados diretamente na tela digital, e como não tenho familiaridade com isso, não entendo o motivo da espessura dos contornos variarem tanto. É como se a caneta nanquim mais fina estragasse e o ilustrador usasse uma retroprojetora mais grossa para terminar. Mas, dá pra curtir a arte mesmo assim.
Pois bem, a história é interessante, os personagens são de várias cores, várias raças, uns com cabeça de rinoceronte e outra com os pés que são rodas e planeja se tornar uma máquina por completo. Isso é gibi, e isso é divertido.

Nessa época de quarentena é bom ter algo nas mãos que só tenha proposta de entreter.
Espero que todos vocês gostem. Você encontra Sharkey em sites especializados e até em bancas de jornal e custa em torno de R$ 60,00.

Feliz confinamento e grande abraço.