Santista, pesquisador e crítico musical Tinhorão morre aos 93 anos

Ele estava internado há dois meses com pneumonia; Enterro será realizado nesta quarta-feira (4) em São Paulo

Por: ATribuna.com.br  -  03/08/21  -  19:38
Atualizado em 04/08/21 - 08:35
 Enterro de Tinhorão será nesta quarta-feira em São Paulo
Enterro de Tinhorão será nesta quarta-feira em São Paulo   Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

O pesquisador e crítico musical José Ramos Tinhorão morreu nesta terça-feira (3), aos 93 anos. A causa da morte não foi divulgada. Nascido em Santos, aos 10 anos a família para o Rio de Janeiro. É uma perda muito grande. Ele é uma pessoa que tem que ser citada quando se falar em música brasileira”, afirma o jornalista e colunista de A Tribuna Julinho Bittencourt.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Tinhorão foi um dos pilares da crítica musical brasileira, e era tido como um dos mais temidos analistas da música. Seus comentários ferinos não pouparam nem mesmo Tom Jobim: em 2015, durante um debate na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), ele afirmou ter ‘pena’ de Jobim. “Ele tinha um equívoco fundamental: achava que compunha música brasileira”. Ainda no mesmo evento, Tinhorão afirmou que “a bossa nova era o jazz pasteurizado”.


“Curiosamente, ele ficou conhecido nacionalmente como o cara que não gostava de Tom Jobim e da bossa nova, o que é uma meia verdade. Ele dizia que a música que o Tom Jobim fazia era várias cópias, desde a música erudita, de Chopin, até o samba”, afirma Julinho. “Mas ele fazia isso com propriedade: se ele pegava uma música do Jobim, ele citava qual era o compasso de determinada sonata do Chopin que estava presente ali”.


Mais munição


O crítico não poupava nem mesmo ritmos e artistas consagrados como o iê-iê-iê, Roberto Carlos e Chico Buarque. “Por outro lado, para ele, João Gilberto era um dos artistas mais originais do Brasil, que ele, sim, havia criado uma forma de fazer música brasileira original”, diz Julinho.


Tinhorão publicou dezenas de livros sobre música brasileira e portuguesa e chegou a reunir um acervo com mais de 13 mil discos, 14 mil livros e 35 mil documentos sobre música e cultura.


Tinhorão chegou a ser retratado na peça Bonitinha Mas Ordinária, de seu amigo e colega de redação Nelson Rodrigues, como um personagem conquistador. “Concorde-se ou não com ele – e em muitas eu não concordo – uma coisa deve ser reconhecida: toda a sua obra era muito bem embasada”.


*Com informações do Estadão Conteúdo.


Logo A Tribuna
Newsletter