Sansex retorna após dois anos, pela web

Mostra da Diversidade de Santos terá debates, teatro e foco na cidadania

Por: Egle Cisterna  -  16/05/21  -  15:32
  Na sexta-feirta, há a apresentação do pocket show Vila Parisi Não Será Soterrada, com Tamyris O’hana
Na sexta-feirta, há a apresentação do pocket show Vila Parisi Não Será Soterrada, com Tamyris O’hana   Foto: Divulgação

Depois de dois anos sem acontecer, a Sansex – Mostra da Diversidade de Santos volta, a partir desta segunda-feira (17), em um formato on-line. Com atrações culturais, como a exibição de curtas-metragens, exposição fotográfica, lançamento de livro e apresentação de teatro, dança e show musical, esta edição tem como destaque os debates. A programação segue até sábado, dia 22, e é gratuita.


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A abertura do evento acontecerá nessa segunda-feira (17), Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia. A data foi escolhida justamente para dar maior visibilidade a propostas de políticas públicas e ações do universo LGBT+. “As rodas de conversa servem para desmistificar vários temas. As pessoas vão ouvir advogados, juízes, pessoas que estão envolvidas em ações de cidadania”, explica o produtor cultural Luiz Fernando Almeida, um dos coordenadores da mostra.


As mesas de debate terão mediação de Taiane Miyake e Rosangela Novaes, que contam com convidados que são referência no País. Entre os temas, estão os 10 anos do reconhecimento da união homoafetiva como entidade familiar no Brasil e os desafios das pessoas transgêneros.


Almeida lembra que a Sansex surgiu em 2012, quando Ricardo Vasconcelos – outro coordenador da mostra – percebeu que, no festival Curta Santos, a demanda de produções com a temática LGBT+ vinha crescendo ano a ano. “Ele me procurou por que queria criar uma mostra própria. A gente se juntou e começou a fazer o que hoje é um dos maiores eventos do Estado de São Paulo”.


E os curtas estão presentes nesta edição virtual, dentro do projeto Hoje é dia de Curta, numa parceria com o Cine Arte Posto 4. No Facebook da sala e no canal da Secretaria de Cultura no Youtube, serão exibidas as produções regionais Feliz Ano Novo, Sou Pietra, O Primeiro Retrato, Porta Retrato e Vestido de Azul.


A fotógrafa Amanda Cervantes traz a exposição Mais Amor para Todos nas redes sociais do Museu da Imagem e do Som de Santos (MISS). O trabalho, que fez parte da primeira edição da Sansex, traz agora fotos inéditas que mostram que o afeto não tem a ver com gênero.


Na quarta-feira (19), o autor Patrick Cassimiro participa de um bate-papo sobre o lançamento de seu livro Bichas Brasileiras, que traz a história de personagens como Cássia Eller, Matheus Passarelli, Silvetty Montilla, Laerte e João Silvério Trevisan. Já na quinta-feira, uma das atrações é a apresentação do espetáculo de dança Escarcéu, da Cia Etra.


Na sexta-feira (21), é a vez do pocket show Vila Parisi não será soterrada, na voz da atriz, performer, pesquisadora afrodiaspórica e não-binarie Tamyris O’hana. O concerto traz elementos do universo simbólico e imagético africano e caiçara, atrelados a músicas que remontam a memória da Vila, que o espetáculo destaca como sendo “assolada por um modelo de desenvolvimento tecno-fascista implantado na década de 70 e que, até hoje, opera sua lógica nas periferias do capitalismo”.


Dama da noite comemora 10 anos


O encerramento da Sansex, no dia 22, tem um sabor especial para Luiz Fernando Almeida, um dos coordenadores da mostra. Ele apresenta o monólogo Dama da Noite, que comemora 10 anos em cartaz. “Quando ela estreou, não havia monólogos ou produção LGBT sendo feita na região. E foi uma satisfação muito grande ver onde esse trabalho chegou. Foram 10 anos de exibição, todos os finais de semana, antes da pandemia. Circulei por todo o País. Até no Acre apresentei. Para um ator que não está em cartaz em novela, isso é um feito. É a peça santista que está mais tempo em cartaz ininterruptamente”, diz Almeida.


Com direção de André Leahun, o espetáculo é uma adaptação do conto homônimo de Caio Fernando Abreu e rendeu a indicação ao Prêmio Aplauso Brasil nas categorias melhor ator, melhor espetáculo independente, melhor direção, melhor figurino e melhor cenografia em 2014. Também foi indicado a premiações nos portais Papomix da Diversidade e pelo Guia Gay SP.


O texto trata das angústias de uma pessoa que não consegue se inserir no mundo em que vive e que mostra todo desprezo pela sociedade que a exclui. Almeida e o diretor fizeram uma adaptação fiel ao texto original, inserindo alguns trechos que dialogam melhor com a nova geração.


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