São Vicente recebe o autoretrato do artista Brecheret

Escultura foi doada pela filha do famoso artista e agora integra acervo da Casa do Barão

Por: Bruna Faro & Da Redação &  -  25/07/19  -  11:38
  Foto: Divulgação

Quando se chega ao Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), na Rua Frei Gaspar, 280, Centro, somos transportados para o passado. “Em uma casa que respira história, até os fantasmas se reúnem para sentir a paz e toda riqueza que ali habita”, diz o diretor presidente do espaço, Paulo Eduardo Costa.


Construído em 1890, o imóvel foi residência ao Barão alemão Kurt Von Pritzelwitz e se tornou patrimônio histórico, como o casarão mais antigo da Cidade.


Hoje, com 129 anos, carrega entre suas paredes 26 mil peças no Museu Histórico e Geral de São Vicente, além de uma biblioteca com 36 mil volumes de livros e documentos. “É um recipiendário de história”, reforça Paulo Costa.


Na última sexta-feira (19), o local recebeu mais uma obra de arte muito especial: um autoretrato em formato de busto de Victor Brecheret, considerado um dos maiores escultores de todos os tempos. A peça foi doada pela sua filha, Sandra Pelegrini Brecheret, em uma singela cerimônia, onde ela também recebeu um Mérito Cultural, devido à sua grande colaboração com a arte local.


“Recebemos uma série de livros, documentos, ganhamos uma foto histórica. Então a Sandra achou por bem doar um autoretrato do próprio Brecheret para a cidade que o acolheu”, explica Costa, que ficou honrado com a doação. Tanto assim que pretende fazer uma inauguração formal em breve, para celebrar a grande aquisição.


“Começou um processo. Daí vim a São Vicente, me emocionei e falei com o Paulo que daria um autoretrato do Brecheret que eu possuo”, declarou Sandra na hora da entrega da obra de arte, que já havia doado, ano passado, uma foto de seu pai na Praia do Gonzaguinha. “Brecheret como gostava de andar em São Vicente e no Itararé, onde íamos sempre”, é a frase escrita por Sandra na foto preto e branco, de 1949.


Victor nasceu na Itália, mas com 10 anos se mudou para o Brasil, nacionalizando-se como ítalo-brasileiro. Passou grande parte da vida em São Vicente, onde fez amizade com o escritor e poeta Menotti del Picchia, símbolo da Semana da Arte Moderna de 1922. Aliás, como lembra Costa, São Vicente foi muito importante para a famosa Semana.“Em 2022, será seu centenário, portanto, estamos iniciando previamente as comemorações”, comentou Costa.


Segundo ele, o busto de Brecheret e seus arquivos guardados no acervo do museu são só o começo da celebração dos 100 anos desse momento histórico: “Vamos em busca agora do resgate dos demais cultores da Semana de Arte Moderna que estão envolvidos com a Cidade”.


O artista


Nas palavras do diretor presidente, Brecheret é o mais importante escultor brasileiro de todos os tempos. “Podemos chamá-lo de um ícone da escultura brasileira”. Com obras expostas nos museus mais famosos do mundo, uma de suas esculturas mais importantes reside no Parque do Ibirapuera, em São Paulo: o Monumento às Bandeiras.


O artista nasceu em 15 de dezembro de 1894, em Farnese, na Itália. Morreu com 61 anos, em 17 de dezembro de 1955, em São Paulo. Tímido, ele se expressava em suas obras, tornando-se responsável pela iniciação da escultura brasileira no movimento modernista internacional. Sua grandiosidade e talento eram frutos das inspirações mais simples.


Sandra conta que seu pai, no início da carreira, recolhia as pedras da Praia do Gonzaguinha e Paranapuã como fontes de inspiração. Levava-as para seu ateliê, em São Paulo, onde a magia acontecia. “Eu brinquei muito na praia. Isso é uma terra nossa”.


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