Reprises de novelas não deixam Juliana Paes descansar: 'Sucesso de uma história'

Atriz tinha o plano de descansar a imagem da televisão em 2020. Mas as reprises não permitiram

Por: Do Estadão Conteúdo  -  11/01/21  -  11:14
Juliana Paes: “Os personagens são os responsáveis pelo sucesso de uma história”
Juliana Paes: “Os personagens são os responsáveis pelo sucesso de uma história”   Foto: Divulgação

Juliana Paes tinha o plano de descansar a imagem da televisão em 2020. Mas as reprises não permitiram. Durante boa parte do ano, a atriz apareceu como a antagonista Carolina na edição especial de Totalmente Demais (2015 a 2016), na Globo. No segundo semestre, veio a dobradinha com a empregada Ritinha, de Laços de Família (2000 a 2001), sua estreia na telinha e atualmente exibida no Vale a Pena Ver de Novo; e a Bibi, de A Força do Querer (2017), no ar às 21h, que entra no mundo do crime por causa do marido, Rubinho (Emílio Dantas).


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A personagem marcante da trama de Gloria Perez foi inspirada na história real de Fabiana Escobar, que escreveu o livro Perigosa. Bibi repercute tanto entre as pessoas que não é estranho a intérprete ser chamada pelo nome dela entre os fãs da novela. Mesmo já tendo outro recente papel de sucesso, a Maria da Paz de A Dona do Pedaço (2019), o público mantém a mãe de Dedé (João Bravo) viva no imaginário.


Na entrevista a seguir, a atriz de 41 anos fala sobre as reapresentações de trabalhos importantes na carreira e das cenas difíceis de A Força do Querer, além de analisar o que fez do atual folhetim das 21 horas da Globo um sucesso. Juliana também comenta os ensinamentos que recebeu de Marieta Severo em Laços de Família e revela o que achou da morte de Ritinha, após engravidar do patrão, Danilo (Alexandre Borges), no clássico de Manoel Carlos. Ela ainda relata como passou o período de isolamento social com a família nessa pandemia do novo coronavírus. Juliana chegou a pegar covid-19, em setembro, junto com o marido, o empresário Dudu Baptista. Por sorte, os filhos Pedro e Antônio, de 10 e 7 anos, respectivamente, testaram negativo para a doença.


Em 2020, o público teve uma overdose de Juliana Paes, por causa das reprises. Você estava em Totalmente Demais e, depois, veio Laços de Família e A Força do Querer. Como se sentiu?


Estava conversando com o pessoal do meu fã-clube e eles me zoaram, porque eu tinha falado que ia descansar a imagem. Ou os projetos e as personagens foram muito legais, ou eu não parei de trabalhar e a casajá não tem mais produções sem a minha escalação (risos). Brincadeiras à parte, fico lisonjeada, pois isso tem a ver com uma trajetória de muita dedicação.


Como foi o seu processo de composição da Bibi?


Eu não acredito em chegar ao set de gravação com o personagem pronto. Principalmente em uma obra aberta. Eu tinha o livro Perigosa, que foi escrito pela Fabiana Escobar. Mas a Gloria (Perez) já tinha me dito que faria adaptações para a personagem. Então, era para ler, entender, porém nem tudo seria seguido à risca. Na sinopse, era um palco giratório: começava apresentando a Ritinha (Isis Valverde), depois a Jeiza (Paolla Oliveira) e, por último, vinha a Bibi. Sabendo disso, malandramente, aguardei para lançar as minhas cartas. No início, tinha as relações familiares e afetivas da Bibi para gerar identificação. Não poderia mostrar quem ela era logo de cara.


Quais foram as cenas mais difíceis de A Força do Querer?


Eu tive muitas cenas marcantes e difíceis, como as sequências de correria na Tavares Bastos (comunidade na Zona Sul do Rio de Janeiro). Diferentemente do que falaram na época, a gente não queria a glamurização da vida no crime. Queríamos estar próximos da realidade.


Para você, o que fez A Força do Quererser uma novela de sucesso?


Os personagens são os responsáveis pelo sucesso de uma trama. Englobo nesse quesito o trabalho do ator, autor, diretor, editor, de todo mundo junto. Quando você tenta se lembrar de um filme que amou, acaba pensando nos personagens. Você pode esquecer o nome do filme, do intérprete, mas fica quem te tocou naquela história.


Laços de Família foi a sua primeira novela. Como é rever esse pedaço da carreira?


Existe uma apreensão, porque em Laços de Famíliaeu era verde. Nessa época, só sabia agir como eu mesma. É nessas horas que a gente vê que o ator serve ao papel até quando é imaturo na profissão. A Ritinha precisava ser crua, então a minha inexperiência serviu para a personagem.


Então, o seu aprendizado foi intenso nessa novela?


Sim! Estou muito feliz de poder falar sobre essa novela, 20 anos depois, e fazer um agradecimento especial a Marieta (Severo). Ela tem um papel fundamental na minha carreira e, talvez, não saiba. Não tive uma formação profissional. Fui uma cria da casa, que aprendeu fazendo, tomando bronca mesmo. Cheguei a dormir antes de entregar uma bandeja na sala, durante o folhetim. Foi muito penoso até eu pegar o jeito.


De que forma a Marieta Severo te ensinou?


Na sequência em que a Alma descobre que Rita está grávida e ela vai me dar um sacode, estava escrito: “Rita chora muito”. Não sabia fazer isso e fiquei três noites sem dormir, pensando a respeito. Quando Marieta me segurou pelos braços, senti a emoção brotar de verdade. Ali, entendi que não tem de pensar em nada. Tive muita timidez de contar isso para ela depois, mas sou muito grata por esse momento.


Como se sentiu quando soube que a Ritinha ia morrer em Laços de Família?


Quando recebi o texto, fiquei absolutamente triste. Mas, depois, comecei a perceber a repercussão. Morrer em uma novela do Maneco (Manoel Carlos) é sucesso. Na época, saiu um monte de notícias de que a personagem tinha eclâmpsia, que não fazia o pré-natal. Enfim, começou um burburinho sobre ela e percebi que era melhor aquilo do que se nada acontecesse. Amei a morte da Ritinha.


Como você viveu esse período de isolamento social junto com a família, nessa pandemia do novo coronavírus?


A gente, que está sempre trabalhando fora de casa, teve a oportunidade desse convívio muito intenso com a família. Existe o lado complicado da convivência forçada, mas também tem uma parte maravilhosa. Fiz descobertas com os meus filhos que, talvez, não teria feito em outro contexto. Antônio e Pedro não vão ter essa idade de novo. Fizemos tie-dye, biscoito, vimos filmes... Mas, falando só de mim, o que me ajudou a não enlouquecer foram duas coisas: ver conteúdos na televisão que são completamente diferentes da minha realidade e a filosofia.


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