Em tempos de polarização e intolerância, abordar temas polêmicos em produções culturais é sempre muito arriscado. Mas o diretor Pedro Morelli ('Cidade dos Homens' e 'Rua Augusta') faz isso com maestria na série Irmandade, que estreia no dia 25, na Netflix.
Na última quarta-feira (9), durante a coletiva de imprensa de lançamento da obra, no Hotel Renaissance, em São Paulo, o cineasta falou sobre o direcionamento que pensou para a série.
“Contar a história de uma facção criminosa a partir do ponto de vista de um policial é algo muito comum, assim como tratar isso do olhar do líder da organização. Então pensamos nesse caminho com a história sendo contada pela Cristina (Naruna Costa), a irmã do líder da facção (Edson, papel de Seu Jorge)”, justificou o diretor, que estava acompanhado, na coletiva, dos atores Seu Jorge, Naruna Costa, Lee Taylor, Danilo Grangheia, Pedro Wagner e Wesley Guimarães.
Outro ponto importante ressaltado por Morelli está na inspiração da série. Segundo o diretor, os produtores não estão retratando nenhuma facção criminosa específica, muito menos personagens reais. “O surgimento das facções criminosas normalmente é semelhante”.
O questionamento surgiu por conta de algumas coincidências. 'Irmandade' se passa em 1994, no estado de São Paulo. O sistema prisional em frangalhos é palco de torturas e más condições. E o surgimento da facção é uma forma de combater a opressão dentro dos presídios.
A narrativa de 'Irmandade' é contada pelo ponto de vista de Cristina e Edson, dois irmãos que vivem em realidades tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas. Cristina, uma advogada honesta e dedicada, descobre que Edson, seu irmão que foi preso quando ela ainda era criança, é hoje o líder de uma facção criminosa em ascensão - conhecida como 'Irmandade'.
Para salvar a própria pele após cometer um crime, ela é forçada pela polícia a virar informante e trabalhar contra o próprio irmão. Ao se infiltrar na Irmandade, numa missão arriscada e perigosa, ela entra em contato com seu lado mais sombrio, e começa a questionar suas próprias noções de Justiça.