Produtor de Aruanas, santista Marcos Nisti comenta sobre carreira e a cidade natal

Confira a entrevista concedida pelo empreendedor social, produtor de cinema e TV, roteirista e sócio-fundador da Maria Farinha Filmes

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  11/04/21  -  10:04
  Foto: Divulgação

Por trás de produções de destaque, como a série Aruanas, da Globoplay, ou dos documentários Muito Além do Peso, Começo da Vida e Criança, a Alma do Negócio, há o dedo de um santista que resolveu colocar o seu poder criativo a serviço daquilo que se chama de dramaturgia ativista, defendendo causas sociais e ambientais por meio das lentes de uma câmera. Estamos falando do empreendedor social, produtor de cinema e TV, roteirista e sócio-fundador da Maria Farinha Filmes, Marcos Nisti.


Clique e Assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe acesso completo ao Portal e dezenas de descontos em lojas, restaurantes e serviços!


Ele deixou a Cidade rumo à Capital no início dos anos 1990, já com 30 anos, e foi depois desse passo que começou a se envolver com o audiovisual, quando passou a fazer parte da entidade de sua mulher, Ana Lucia Villela, fundadora do Instituto Alana. A entidade é uma organização de impacto socioambiental que tem o objetivo de promover o direito e o desenvolvimento integral da criança. Hoje, Nisti também é CEO do Alana.


Dentro da proposta da entidade, ele começou a produção do primeiro lançamento de sua produtora, Criança, A Alma do Negócio, de 2008, que trata do consumismo exacerbado na infância, impulsionado pela publicidade. O documentário, dirigido por Estela Renner (também sócia da produtora), foi tema do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014. E, desde então, a Maria Farinha já produziu mais de 25 filmes séries e outros formatos com o objetivo de despertar mudanças no mundo, sejam elas sociais ou ambientais.


Lançamento mundial


Aruanas segue esse caminho. Com a primeira temporada, que trata do desmatamento da Amazônia, a série foi lançada, em 2019, em 150 países no mesmo dia.


“A Globo também topou em inovar neste lançamento”, comenta o autor, que destaca o papel dos ativistas ambientais. A segunda temporada trará para o público a discussão da poluição do ar e se passa numa cidade fictícia que tem um polo industrial. Parte das gravações deve acontecer em Cubatão, assim que a pandemia permitir.


“Cheguei a pegar Cubatão na época da hidrocefalia, da tragédia de Vila Socó. Cubatão conseguiu dar a volta por cima e foi exemplo da vontade de governo e da população para isso”, lembra Nisti. A Cidade foi escolhida como cenário por ser justamente uma cidade industrial que se mescla com a natureza.


O autor destaca que essa série é também uma mostra de que o Brasil é capaz de fazer boa ficção para entreter, além de promover debates sobre problemas reais. “Na primeira temporada fizemos isso de uma forma bem legal. Tivemos mais de 89% de menções positivas e as pessoas quiseram se aprofundar no tema do ativismo”.


Produção internacional


Um dos próximos passos de Nisti e de sua sócia é desenvolver uma série para o mercado internacional. Eles foram contatados por uma produtora norte-americana para o trabalho que terá muito desta questão socioambiental já desenvolvida pela dupla no País. Nisti não pode ainda dar muitos detalhes da futura produção.


“É uma grande produtora, ganhadora de vários Oscars. Somos dois roteiristas brasileiros, falando nesta mesma linha que já trabalhamos. Será tudo em inglês, mas devemos gravar cerca de 70% da produção aqui”, adianta ele.


DNA santista


O produtor fala que sair de Santos, numa fase que não era tão novo, foi uma das decisões mais difíceis que tomou na vida.


“Santos tem um mistério que inspira as pessoas. Quem fica um tempo aí dentro não consegue perceber isso, mas, de fora, notamos. Tem alguma coisa nesta cidade, que eu não sei muito bem o que é, que dá esse perfil criativo para as pessoas. Talvez a democracia da praia ajude nisso”, avalia ele, que nasceu e cresceu no bairro do Campo Grande e estudou em escolas públicas, como Primo Ferreira, Azevedo Júnior e Barão do Rio Branco.


Logo A Tribuna
Newsletter