Percussionista de Cubatão, Sergio Coutinho vence concurso suíço

Cubatense venceu a Swiss Percussion Competition, concurso que incentiva o desenvolvimento nas diversas áreas da percussão na Suíça

Por: Egle Cisterna  -  23/09/20  -  11:58
Coutinho tocou para dois grandes solistas e professores no Swiss Percussion Competition, em Zurique
Coutinho tocou para dois grandes solistas e professores no Swiss Percussion Competition, em Zurique   Foto: Divulgação

Um percussionista nascido na Baixada Santista e formado em Cubatão é destaque na música da Europa. Nesta semana, Sergio Coutinho, de 33 anos, venceu a Swiss Percussion Competition, concurso que incentiva o desenvolvimento nas diversas áreas da percussão na Suíça.


“Ela (a competição) representou uma oportunidade de tocar um repertório difícil para um instrumento que não é tão explorado como solista quanto, por exemplo, um violino ou piano, para dois grandes solistas e professores, e receber um feedback sobre o que apresentei”, conta Coutinho sobre a sua primeira conquista em solo internacional, em entrevista a A Tribuna, via WhatsApp.


Coutinho está morando em Zurique, na Suíça, desde 2019, para fazer mestrado em tímpanos e percussão de orquestra.


Na apresentação de 20 minutos que lhe rendeu o primeiro lugar na competição, o músico tocou peças de dois compositores americanos: Saëtta e Improvisation, de Elliott Carter, e Angels of the wind e Homage (to Gustav Mahler), de William Kraft.


Influência regional


Santista de nascimento, o músico viveu até os 19 anos em Cubatão, onde começou a tomar gosto pelos instrumentos. “A minha família sempre teve um pé na música. Minha mãe toca piano, dá aulas e foi professora no Conservatório de Cubatão durante um período”, conta ele, que também foi influenciado por tias que tocavam em bandas, frequentando ensaios e shows desde pequeno. “Minha mãe sempre incentivava o estudo e eu era bem curioso, gostava de ler as capas dos CDs de música clássica e ouvir as músicas. Ficava batendo em panelas”.


Coutinho sonhava aprender a tocar um instrumento e se encontrou quando foi assistir a um ensaio da Banda Sinfônica de Cubatão. A professora que tocava na banda dava aulas no Projeto Guri, que foi sua porta de entrada para a percussão. Enquanto se formava na Escola Municipal de Música de São Paulo e no Bacharelado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), ele fez parte da Banda Sinfônica de Cubatão e do Grupo Rinascita.


“Cubatão sempre teve uma tradição de bandas muito grande. Quando estava na faculdade, sempre tinha alguém que me perguntava se conhecia os grandes músicos da cidade, como o Ivanildo Rebouças e seu irmão Vagner e a família Farias, com o maestro Roberto e seus irmãos, Renato e Reginaldo”.


Durante oito anos, Coutinho integrou a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo como percussionista e assistente de tímpanos, e foi convidado como percussionista da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Orquestra Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica da USP.
Com o objetivo de ampliar os estudos, o músico começou a fazer aulas na Filarmônica da Alemanha, ficando entre Berlim e São Paulo durante quatro anos. No ano passado, de olho em uma atuação na Europa, veio a oportunidade de mestrado.


Sem se apresentar desde fevereiro, Coutinho aproveitou o período para dar aulas on-line e se dedicar aos estudos. Mas, de longe, lamenta a atual situação dos grupos culturais de Cubatão, que estão sem receber repasse da Prefeitura desde o começo do ano. “Cubatão sempre teve esse problema dos grupos e dos artistas não serem valorizados. Arte é vista como um artigo de luxo, quando, na verdade, é um artigo básico na vida das pessoas”, critica.


Sobre voltar a trabalhar no Brasil, Coutinho ainda é reticente. “Essa é uma questão que só o tempo pode responder. É uma questão de oportunidade de existir uma prova para uma vaga de timpanista em uma boa orquestra, com boa estrutura para desenvolver um trabalho e, ao mesmo tempo, continuar crescendo”.


Logo A Tribuna
Newsletter