Os 50 anos de um artista encantador

Exposição de Rodolfo Rondon está no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  30/11/19  -  20:25
Obras de Rodolfo Rondon estão espalhadas em vários lugares do mundo
Obras de Rodolfo Rondon estão espalhadas em vários lugares do mundo   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

“Tenho uma vida dedicada à arte. Não se vive da arte. Vive-se para a arte”. É assim que se define o artista plástico Rodolfo Rondon que completa 50 anos dedicado ao fazer artístico, seja na pintura e suas várias técnicas, quanto na escultura e na marchetaria. 


Nascido em Santos, em 1953, e atualmente morando em Praia Grande, ele lembra com emoção do primeiro quadro que vendeu. “Estava na rua, com a pintura exposta no chão, quando passou uma pessoa e me perguntou quanto custava. Foi ali que tive a certeza que poderia viver da minha pintura e me dedicar a isso”, lembra ele, que foi um dos primeiros expositores da feira hippie, na Biquinha, em São Vicente, ponto de encontro tradicional entre os anos 1970 e 1990 de quem produzia artes e artesanato. 


Temas abordados pelo artista vão desde meio ambiente até situações cotidianas do dia a dia da Baixada Santista.
Temas abordados pelo artista vão desde meio ambiente até situações cotidianas do dia a dia da Baixada Santista.   Foto: Divulgação

Autodidata, foi experimentando que ele chegou a uma técnica própria, que lembra a pirogravura (método de decorar madeira com marcas de queimadura), mas que, na verdade, é feita de baixo-relevo sobre fibra de vidro coberto por tinta automotiva. 


Ainda nos anos 1970, participou de sua primeira exposição coletiva, no Fundo Social de Solidariedade de Santos, mas não deixou de expor nas ruas. No início dos anos 1990, ele comercializava suas obras na feira de arte e artesanato do Parque Trianon, na calçada da Avenida Paulista. Dali, muitos de seus quadros saíram nas mãos de estrangeiros e foram para o exterior. 


Vendedores de frutas, diretores de cinema, trabalhadores em geral, quem estiver no caminho, acaba sendo retratado por esse pintor.
Vendedores de frutas, diretores de cinema, trabalhadores em geral, quem estiver no caminho, acaba sendo retratado por esse pintor.   Foto: Divulgação

Ele, que acumula prêmios e participações em salões de artes plásticas da região, Capital e Interior, não tem ideia de quantos trabalhos estão espalhados pelo mundo. “Acabei não catalogando muitos dos trabalhos que fiz”.


Ao longo dos anos, o artista plástico santista foi aprendendo várias técnicas, passando por fases onde se destacaram aquarelas e os retratos de animais. Hoje, Rondon está focado em aperfeiçoar o cubismo. Em uma de suas séries inspirada neste movimento artístico, onde se destaca Pablo Picasso, ele buscou retratar vendedores de rua que ele conheceu no seu dia a dia.


“Tinha um bananeiro que eu conhecia há mais de 40 anos, que comprava bananas dele quando meu filho era pequeno. Está lá retratado, assim como o homem que vende coco, que eu entrevistei para conhecer a sua história e colocá-la na tela”, explica.


 Pintor completa 50 anos de carreira.
 Pintor completa 50 anos de carreira.   Foto: Reprodução

Mas Rondon não se limita às telas. Ele também se destaca na escultura. Em Praia Grande, suas obras estão expostas na Praça Duque de Caxias, no Canto do Forte, em uma homenagem à pesca de arrasto. São cinco esculturas de concreto que compõe a obra Recanto dos Pescadores.


Na Prefeitura


Também faz parte do conjunto uma pintura de acrílica sobre tela, que tem 2,5 metros de largura, que leva o mesmo nome e que decora o gabinete do prefeito Alberto Mourão.


Até a areia serviu de suporte para sua arte, que chegou a participar de um festival internacional de esculturas em areia, em Portugal.


Exposição


Para comemorar as cinco décadas dedicadas à arte, ele está em cartaz com a exposição Rodolfo Rondon, O artista a seu tempo, no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (Rua Frei Gaspar, 280, Centro), com 20 obras que retratam os vários estilos trabalhados pelo pintor ao longo dos anos. 


Com entrada gratuita, a exposição pode ser visitada até 31 de dezembro, de segunda a sábado, das 9h às 17h.


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