Obras literárias ganham impulso na Baixada Santista

Editais do Programa de Ações Culturais de São Paulo (ProAC) contemplam autores da região

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  31/01/21  -  19:54
Na foto, a peça Medo de Mim, de 2007
Na foto, a peça Medo de Mim, de 2007   Foto: Divulgação

Nos próximos meses, o mercado editorial da região deve ganhar uma série de títulos de autores da Baixada Santista. Os novos livros são fruto do Programa de Ações Culturais de São Paulo (ProAC), do Governo do Estado, que selecionou mais de 10 autores da região, que devem publicar obras de ficção, não-ficção, infanto-juvenil e história em quadrinhos.


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O escritor Paulo Mauá foi um dos premiados pelo histórico de realização em Literatura e deve usar os recursos recebidos para concluir a saga infanto-juvenil Panapaná, em que a mesma personagem, uma menina de 9 anos, vai descobrindo, ao longo dos títulos (Circo Panapaná, Orquestra Panapaná e Castelo Panapaná, lançados até o momento), coletivos e conceitos de cidadania e de vida.


Mauá quer lançar ainda neste semestre Espaço Sideral Panapaná, sobre planetas e preconceito, e, até o final do ano, Tribo Panapaná, voltado para um trabalho com palavras em tupi na Língua Portuguesa, entre elas o nome da saga, que é o coletivo de borboleta. “Produzir cultura no Brasil não é fácil. Com esse prêmio, será possível fazer os dois livros com mais tranquilidade”, comemora.


História


Na mesma categoria, outro selecionado foi o jornalista Sergio Williams pelo conjunto de sua obra – Pelas Curvas das Estradas de Santos (2008), Bondes de Santos(2009), Jacinto, o Sansão do Cais Santista(2011) e Sua Majestade, a Mais Bela (2018). Com o recurso do prêmio, ele deve lançar o romance ficcional Minhas Aventuras ao Lado de um Jovem Imperador, que apresenta a primeira viagem de D. Pedro II pelo Brasil, em 1846, que é acompanhada por um repórter do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, o protagonista da história.


“Não esperava o prêmio, mas fico feliz de ter emplacado meu quinto trabalho, que venho, há algum tempo maturando”, afirma.


Mais nomes


Nesse mesmo edital foram selecionados também os escritores Javier Arancibia Contreras, Michel da Silva Ceriano e Sergio Ribeiro Lemos, o ilustrador e quadrinista Seri. Este último chegou a ser selecionado em três editais do ProAC-SP, um deles para escrever um romance, mas pela logística de execução, ele preferiu abrir mão de alguns e focar na produção de uma história em quadrinhos, com um toque autobiográfico, que ele já tinha encaminhado.


“Foi uma grande surpresa ser contemplado nestes editais e fiquei muito feliz com todos. Tanto que titubeei muito para deixar um deles. A parte financeira pesou na escolha. Neste momento, no qual os artistas que não dispõem de outros recursos e não podem trabalhar, o prêmio me garante a subsistência de um ano, além da realização de uma obra”, conta Seri. O recurso recebido neste edital é de R$ 50 mil.


O novo livro de Seri, Rita de Cássia, conta a história de uma mulher, nascida em 1963, um ano antes da ditadura, e segue sua trajetória até o ano de 2007, mostrando todo o contexto histórico do período, como o crescimento da indústria automotiva e o início da era do consumismo e do individualismo. Ele quer lançar o novo projeto no início de 2022, quando for possível reunir pessoas em um evento.


A contraproposta do autor para esse prêmio é a realização de vídeos em suas redes sociais, onde dará dicas de como desenhar, orientações para quem quer participar de editais de fomentos nessa área, além de receber e comentar trabalhos.


50 anos do TEP


A história do Teatro Experimental de Pesquisa (TEP), um dos grupos teatrais da região, que comemora 50 anos de existência, estará no livro Bastidores – TEP 50 anos. Há seis anos, Gilson de Melo Barros, que foi ator na companhia nos anos 70 e ainda faz parte do grupo, vem colhendo depoimentos para o trabalho.


Ao todo serão mais de 90 artistas que fizeram parte do TEP em momentos de montagens teatrais realizadas ao longo deste tempo, contando histórias de fatos que aconteceram paralelamente às apresentações, dando o contexto daquele momento para o leitor. O livro também trará fotos dos espetáculos.


“Se não fosse isso (o prêmio), a gente não estaria com nada. O nosso espaço está fechado e não podemos trabalhar, a não ser de forma on-line”, conta Barros, que também foi contemplado em um edital do ProAC para a veiculação on-line na plataforma Cultura em Casa dos curtas-metragens Rosinha Sinhá, sobre Rosinha Mastrângelo, e Dindinha Sinhá, produzido em 2015, e o teatro O Prato Azul-Pombinho, premiado no Festival de Cenas Teatrais (Fescete), no ano passado.


Leitura


Mas nem só de publicações novas viverão os leitores da região. Mini-cursos, oficinas e bate-papo com autores estão na proposta selecionada do livreiro José Luiz Tahan, criador da Tarrafa Literária. O evento recebeu prêmio por histórico de realização em mostras, festivais, mercados, feiras e festas literárias. Os eventos, provavelmente on-line, devem acontecer antes da nova edição da Tarrafa, prevista para setembro, entre abril e agosto.


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