Nos acordes do LMC Big Band, superação

A apresentação da nova banda do Lar das Moças Cegas mostra como a música é capaz de transformar vidas, de pessoas com ou sem visão

Por: Bruna Faro & Da Redação &  -  29/07/19  -  12:56
A LMC Big Band abriu a 8ª edição do Santos Jazz Festival, no Sesc
A LMC Big Band abriu a 8ª edição do Santos Jazz Festival, no Sesc   Foto: Vanessa Rodrigues/ AT

Quando cerca de 16 alunos, professores e voluntários se reúnem para tocar música, todas as diferenças viram parcerias. Esse é o espírito da LMC Big Band, uma das bandas do Lar das Moças Cegas.


O grupo está no 8º Santos Jazz Festival, que termina neste domingo (28), ainda com grandes atrações (veja no www.santosjazzfestival.com.br).


A big band foi responsável pela abertura do evento, quinta-feira (25), no Sesc, antes do tributo a Nina Simone, comandado por Ellen Oléria e Alma Thomas.


E a partir das 14h30, tem nova apresentação da LMC Big Band, que estará no Arcos do Valongo (Rua Comendador Neto, 3, Centro Histórico), tocando um repertório especial, para deleite do público que, certamente, vai se emocionar.


A LMC Big Band foi criada ano passado, na 7ª edição do Santos Jazz Festival. O projeto surgiu em um workshop, com o músico Mauricio Fernandes, de 55 anos. “Caiu no meu colo. Fui convidado para a parte prática desse workshop, conheci o pessoal e começou esse envolvimento. Até que fomos convidados para a abertura do festival”, celebra o músico.


Essa integração, aliás, é uma das características mais fortes do grupo, que ainda demonstra companheirismo, dedicação e o principal: superação. Assistir a um show da big band vai muito além de ouvir seu som profissional e envolvente. 


Dedicação 


A dedicação de ensinar e aprender nota por nota faz parte da rotina da LMC. “Trabalhamos a teoria musical e a prática. Eles têm aulas durante a semana, em que dou a teoria musical e o solfejo das notas”, diz o professor e músico Gabriel Geovany, de 23 anos.


Ele e o maestro João Carlos Estógio, de 53 anos, são responsáveis por ensinar as músicas aos alunos e cuidar da coletânea musical. Todas as semanas ainda há um ensaio geral.


“Eles não têm partitura, isso é um obstáculo. Trabalho muito com a memorização, passando trecho por trecho. Alguns têm ouvido absoluto, então eles escutam uma vez e pronto”, explica o maestro. Ele também é regente da outra banda do Lar das Moças Cegas, que existe há cerca de dez anos, com 40 integrantes tocando MPB e composições populares.


A música põe em prática o lado criativo dos alunos, incentivando a improvisação e composição. Inclusive, uma das canções criadas pela LMC Big Band é Samba da Jana, feita para a apresentadora da TV Tribuna, Janaina Hohne. A música está no repertório do Santos Jazz Festival. 


Superação 


A professora de orientação de habilidade, Valeria Cristina da Silva, de 51 anos, é outro exemplo de superação. Ela começou no Lar como aluna e fez da música uma terapia.


“A música é sempre bem-vinda na nossa vida. O maestro Estógio visa tirar do aluno aquilo que ele tem de melhor. Às vezes, ele nem sabe que possui aptidão musical, mas, vindo para cá, percebe. É maravilhoso”.


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