Na Tarrafa Literária, jornalistas falam sobre passagens marcantes da carreira

Xico Sá e Barbara Gancia vieram a Santos

Por: Da Redação  -  30/09/19  -  01:44
Barbara Gancia e Xico Sá participaram da Tarrafa Literária – Festival Internacional de Literatura
Barbara Gancia e Xico Sá participaram da Tarrafa Literária – Festival Internacional de Literatura   Foto: Alexsander Ferraz/ AT

Política, jornalismo, saúde e cultura foram alguns dos temas discutidos na tarde do último sábado (28), durante a 11ª edição da Tarrafa Literária – Festival Internacional de Literatura de Santos. A mesa O livro aberto da minha vida reuniu os jornalistas e escritores Barbara Gancia e Xico Sá, com mediação do jornalista Matthew Shirts. O evento segue neste domingo (29), no Theatro Guarany. A entrada é gratuita. 


Sá lançou na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, neste mês, o Crônicas para ler em qualquer lugar (trabalho em conjunto com Gregorio Duvivier e Maria Ribeiro). Já Gancia lançou, em novembro do ano passado, o livro A saideira: Uma dose de esperança depois de anos lutando contra a dependência, que fala sobre a sua vitória sobre o alcoolismo. 


Os dois foram colegas de redação no jornal Folha de São Paulo e relembraram algumas passagens de suas carreiras. Diante da experiência em coberturas jornalísticas, traçaram um paralelo entre fatos importantes da história do País e o atual cenário político. 


“A minha vida era o PC (Paulo César) Farias. Eu vivia colado nele”, contou Sá, sobre o período em que atuou como repórter investigativo e conquistou a confiança de um dos homens mais poderosos do País na década de 90, o tesoureiro e chefe de campanha do ex-presidente da República Fernando Collor de Mello. 


Neste contexto, o jornalista contou como conquistou a confiança de PC e de pessoas de sua relação, como o mordomo da casa de Maceió (AL). “Foi aquela coisa de não obedecer o manual de redação. Apostei em vias, digamos, não ortodoxas do jornalismo”. 


Instigado pela plateia, Sá comparou PC Farias ao caso Fabrício Queiroz, que protagonizou uma crise no governo Jair Bolsonaro no final do ano passado. “Collor não entrou no STF para barrar investigação contra PC Farias”, disse ele se referindo ao pedido do senador Flávio Bolsonaro para frear investigações sobre movimentação financeira suspeita de R$ 1,2 milhão na conta do ex-assessor. “Isso torna o caso mais enigmático e proibidão”. 


Para Gancia, o momento conturbado que o Brasil atravessa pede mais investimentos no jornalismo, principalmente para a realização de investigações. Ela criticou a cobertura jornalística sobre política no País e também relembrou passagens de sua carreira.


Muitas delas relacionadas ao alcoolismo, doença que a acompanhou por muitos anos. “Parei de beber porque não aguentava mais a ressaca moral, a culpa, a humilhação de não lembrar o que fiz no dia anterior e o medo de matar alguém”, conta. 


A trajetória, segundo ela, não foi fácil. Já foram cerca de 20 anos como dependente. Mas a ideia foi falar com quem passa pelo mesmo problema. “Achava que não ia ser feliz sem beber”, relembra. 
Agora, a escritora pretende se dedicar a um novo livro, que também abordará uma dependência. Desta vez, o foco serão os meios eletrônicos. “Redes sociais, telefones celulares e como isso impacta uma geração em que os filhos ensinam os pais, mas socializam muito menos”. 


A Tarrafa Literária termina neste domingo (29), com eventos gratuitos, no Theatro Guarany (Praça dos Andradas s/n, Centro de Santos). A orientação da organização é chegar ao local com 30 minutos de antecedência. Ao final de cada mesa, haverá sessão de autógrafos e fotos com os autores.


Logo A Tribuna
Newsletter