Murais da região ainda são vistos como 'não arte'

Para professor, é preciso mudar o conceito sobre esse tipo de obra

Por: Guilherme Gaspar & Colaborador &  -  24/06/19  -  14:37
  Foto: Divulgação

A paisagem dos grandes centros, com edifícios cada vez mais altos, limita os espaços para as artes urbanas serem expostas. Vez ou outra acabamos nos deparando com muros inspirados em temas locais e folclóricos pelas cidades.


Parte deles, pelo menos em Santos e Guarujá, são idealizados por Thiago de Almeida Reis, muralista e professor de Artes.


Segundo o artista, sua relação com essa arte começou em 2004, após a reprodução de um mural na Universidade Santa Cecília (Unisanta). Depois desse trabalho, o professor se interessou pelas diversas técnicas disponíveis e decidiu participar de cursos do Ateliê Sérgio Prata Garcia, de Bragança Paulista.


O interesse cresceu e resultou em novos murais, só que com os alunos das escolas onde lecionava. Um dos projetos que o professor de Artes realizou com as crianças foi o Ecocódigo. “Neste mural, juntei as histórias em quadrinhos feitas pelos alunos, ampliei no muro e levei os autores para pintarem os seus próprios desenhos”.


Arte na região


Para o muralista, o grande problema para realizar os seus trabalhos está no impasse de conseguir autorização. “Quando quero deixar uma marca na cidade, isso acaba me atrapalhando. Seja porque não querem pagar pelo mural, ou porque querem controlar tudo o que será feito. Nesse caso, não há originalidade”, pontua.


O artista tem consciência do pouco conhecimento das pessoas sobre arte. “Hoje, enxergam apenas para decoração ou design. Mas, na verdade, vai muito além disso. Arte é contestação, confrontamento e ação. A frase que mais escuto ao ver obras de arte contemporânea hoje é: ‘Para mim, isso não é arte!”. É justamente por isso que costuma se intitular um professor de Não Arte.


Forma de sobrevivência


Almeida Reis afirma que consegue maior visibilidade em eventos na Capital, onde são realizados leilões. “É desta forma que as obras são vendidas e tenho um retorno financeiro”.


Em 2018, o artista participou da Elephant Parade, exposição ao ar livre, no Rio de Janeiro. “Pela segunda vez consecutiva, tive uma obra exposta ao lado da estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade, na Praia de Copacabana”. Em dezembro, a mesma obra foi arrematada em leilão, no Hotel Copacabana Palace.


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