Mercado editorial se mobiliza para socorrer livrarias, editoras e autores

Plataformas digitais fazem vaquinhas virtuais para garantir recursos para o setor; cinco projetos são de Santos

Por: Egle Cisterna  -  15/08/20  -  12:18
Mercado editorial se mobiliza para socorrer livrarias, editoras e autores
Mercado editorial se mobiliza para socorrer livrarias, editoras e autores   Foto: Imagem ilustrativa/Adobestock

O mercado editorial vem se organizando em campanhas para ajudar livrarias, editoras e autores independentes a sair da crise setorial que se agravou com a pandemia de covid-19. Uma das iniciativas tem sido a de campanhas de financiamento coletivo. 


A +Livros, por exemplo, tem apoio de grandes editoras, e se propõe a criar um fundo de incentivo para aqueles que tiveram os pequenos negócios ligados às publicações afetados. Até julho, quando se encerrou o cadastro para beneficiários, haviam 689 inscritos no projeto, sendo que cinco deles são de Santos (uma editora, uma livraria e três autores). O projeto não divulga o nome dos inscritos até o final da seleção. 


Para participar, o interessado entra no site (clique aqui) e pode escolher doar a partir de R$ 15,00. Dependendo do valor, o doador pode escolher uma recompensa, como e-books, cupons de desconto e mentorias profissionais. 


Até quinta-feira, a iniciativa já havia arrecadado R$ 468 mil, o que seria suficiente para beneficiar 90 inscritos. O projeto segue recebendo as doações até quarta-feira. Quanto mais empresas e pessoas físicas participarem, mais autores, editoras e livrarias serão contemplados. A cada R$ 100 mil, o +Livros beneficia 20 pessoas e microempresas do mundo do livro. 


Para a escritora santista Claudia Lemes, que integra o corpo técnico responsável pelas avaliações dos inscritos na campanha, a importância da iniciativa vai além dos recursos financeiros. “Avaliamos o que eles querem com esse auxilio, mas tendo como principal critério, no que eles querem transformá-lo”, diz ela, ao explicar que a plataforma de financiamento coletivo Catarse dá algumas formas objetivas de como os beneficiários podem usar a verba. 


“É possível, entre elas, transformar o catálogo dela em ebook ou audiobook, investir em cursos profissionalizantes, ações de divulgação e newsletter, e até desenvolverem um canal no YouTube, apostar em campanhas de financiamento coletivo e abrir suas lojas online”, lista Claudia. “Tem recompensas para todos os bolsos. Se quiser ajudar com muito pouco, já consegue fazer a diferença e beneficiar mais gente. Não é só uma questão de auxiliar com grana. É auxiliar com o incentivo. Mesmo neste momento, no Brasil, onde temos poucos leitores, tem muita gente que ama livro e estão dispostas a ajudar”, acredita ela. 


Outra campanha 


A Câmara Brasileira do Livro (CBL) também está com um projeto semelhante. É o Retomada das Livrarias, criado para apoiar pequenos livreiros. Nesta semana, foram anunciadas as 53 livrarias selecionadas para receberem o dinheiro que está sendo arrecadado pela plataforma Kickante. 


O projeto continuará recebendo doações até 31 de agosto e hoje já soma R$ 356 mil. O objetivo é chegar em R$ 530 mil para que cada uma dessas livrarias receba R$ 10 mil.


“Acho que são importantes, as livrarias precisam ser valorizadas, mantidas a qualquer custo.


Sem as livrarias os leitores ficam sem referências na paisagem urbana. Nesse raciocínio acaba também a memória do livro, do ato de ler”, afirma o livreiro santista José Luiz Tahan. Ele se inscreveu nas duas campanhas. Na da CBL, ele não chegou a ser selecionado e aguarda o resultado da +Livros.


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