Maternidade em mulher trans é tema de curta documentário

Maria Sil entrevistará mulheres trans que são mães na produção

Por: Bianca Gravanich & Colaboradora &  -  15/08/20  -  13:11
Maria Sil entrevistará mulheres trans que são mães na produção
Maria Sil entrevistará mulheres trans que são mães na produção   Foto: Divulgação

Em meio à quarentena, a produtora cultural e cantora Maria Sil, mulher trans, se viu diante do despertar de um desejo antigo: a maternidade. 


Ser mãe e todo o zelo inerente a esse momento, ser fonte de origem e preparo para o mundo, sempre foi um grande desejo para ela, mas que, com o tempo, foi apagado e deixado de lado, por conta de todo o preconceito sofrido após o processo de percebimento de gênero. 


Pensando nisso, Maria decidiu produzir um curta documentário, o Mãe – Um Olhar sobre a Maternidade Trans, onde ela, por meio de chamadas de vídeo, irá conversar com três mulheres trans e travestis que são mães. A produção será disponibilizada gratuitamente no meio digital. 


“Sempre tive o desejo da maternidade e diante da pandemia esta vontade ficou mais latente. Porém, como ser mãe com uma expectativa de vida de 35 anos? Ou com apenas 4% da sua população (mulheres trans e travestis) ocupando vagas formais de emprego?”, questiona Maria. “Então o filme é uma forma de dar visibilidade para mulheres trans, travestis e mulheres intersexo que são mães: é sobre dizer que nossas maternidades existem, são possíveis”. 


Maria Sil ainda conta que, de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Astra), o número de assassinatos de pessoas trans no primeiro semestre deste ano subiu 39% em relação a igual período do ano passado. “É neste cenário de agravamento da violência contra a nossa população que enxergamos a necessidade de criar conteúdos artísticos, que neutralizam e humanizem as nossas vidas”.


Propagação


O objetivo do documentário é propagá-lo de forma ampla e educacional para a sociedade. “É preciso urgentemente ampliar o olhar e o debate acerca da precariedade da (sobre)vivência das mulheres trans, travestis e intersexo no Brasil, para que as que têm essa vontade possam, de fato, vivenciá-lá”, conta Thays Villa, roteirista e produtora do curta. “Desta forma, pretendo contribuir com a construção imagética sobre a maternidade trans, difundir histórias de afeto e de enfrentamento à transfobia”, explica Maria.


Quando o projeto se tornou público, Thays comenta que elas começaram a receber contatos de mulheres trans, que são mães, ansiosas por dividir suas experiências, o que tem entusiasmado a equipe. “A escolha das entrevistadas para o curta será uma pré-entrevista, buscando a diversidade”. 


A equipe é formada por Maria Sil, Thays Villa, Dom Lino, Gustavo Lino, Fernanda Vicente e Hugo Vicente. “Dos seis integrantes da equipe, quatro são pessoas transgênero, porque também é necessária a representatividade dos nossos corpos em um segmento artístico explorado”, defende Thays. 


Para Maria, a força diária para continuar lutando contra todo o preconceito envolvido é se manter viva e romper estatísticas. “A força pra mim está na coletividade, é estar construindo este filme com seis pessoas maravilhosas que acreditam numa outra sociedade”.


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