Marvel Comics comemora 80 anos da 'Casa das Ideias'

Editora transformou luta pelos direitos civis e contra preconceito em uma das franquias mais famosas

Por: Leopoldo Figueiredo & Da Redação &  -  01/09/19  -  16:30
Editora foi responsável por criar heróis nos quadrinhos e fazer sucesso em bilheterias
Editora foi responsável por criar heróis nos quadrinhos e fazer sucesso em bilheterias   Foto: Arte: Marcelo Padron/ AT

A editora que melhor levou o cotidiano dos leitores para suas histórias de super-heróis, que transformou a luta pelos direitos civis e contra o preconceito em uma das franquias mais famosas do mundo geek e que, hoje, é sinônimo de sucesso nas bilheterias dos cinemas chegou, enfim, aos 80 anos. As oito décadas da Marvel Comics, a Casa das Ideias, lar do Capitão América, do Homem de Ferro, do Homem-Aranha e dos X-Men, foram comemoradas oficialmente ontem, mas a programação para celebrar a data teve início há algumas semanas e deve continuar pelos próximos meses.


A Marvel Comics nasceu em 31 de agosto de 1939, com o lançamento da revista Marvel Comics nos Estados Unidos. Na época, a editora ainda era chamada de Timely Comics, e estava voltada para histórias pulp, de detetives e mistério. Mas há um ano, o mercado editorial norte-americano acompanhava o sucesso da revista Action Comics, da editora National Comics (antigo nome da DC Comics) e que trazia um certo personagem com superpoderes, vindo de um planeta distante, o Super-homem.


Essa foi a deixa para a Timely também apostar em super-heróis, lançando a Marvel Comics, que trazia em seu primeiro número personagens como o Tocha Humana (que não é o integrante do Quarteto Fantástico), o Príncipe Submarino (Namor), o Anjo (não confundir com o membro dos X-Men), Ka-zar (personagem até hoje presente nas histórias da Marvel) e o Cavaleiro Mascarado (que ganhará um novo título no próximo ano).


Em entrevista recente, o editor-chefe da Marvel, C. B. Cebulski, lembrou da reação do público aos super-heróis então apresentados nesse primeiro número do título, que vendeu 80 mil exemplares (um resultado não muito bom na época), mas que, mesmo assim, fez a editora lançar uma segunda tiragem, com 800 mil exemplares. Atualmente, somente 100 deles existem no mercado.


Este foi o início da Marvel/Timely, que cada vez mais apostava em personagens com superpoderes.
Seu próximo grande sucesso veio com o lançamento de Capitão América Comics n. 1, em dezembro de 1940, com o personagem título dando um soco no rosto do ditador alemão Adolf Hitler - em uma época em que os Estados Unidos ainda não tinham entrado na Segunda Grande Guerra (o que só ocorreu em 1941) e mantinham uma posição neutra. Quando o exército norte-americano passou a lutar pelos Aliados, contra as forças do Eixo, o Capitão já era um símbolo do herói patriota e do próprio esforço do país na guerra. 


Stan Lee, Jack Kirby, Steve Ditko, John Romita e Sal Buscema estão entre os responsáveis pelo sucesso da editora
Stan Lee, Jack Kirby, Steve Ditko, John Romita e Sal Buscema estão entre os responsáveis pelo sucesso da editora   Foto: Arte: Marcelo Padron/ AT

Essas eram histórias produzidas por aqueles que se tornariam ícones do mercado de quadrinhos dos Estados Unidos - Stan Lee, Jack Kirby, Steve Ditko, John Romita e Sal Buscema.
Nos anos 60, a Marvel deu seu mais importante salto.Com o sucesso da Liga da Justiça, da DC Comics, a editora desejou lançar sua própria super-equipe, mas com um diferencial. Estes não seriam seres idealizados, semideuses andando entre nós, mas pessoas normais, só que com poderes. A atenção estaria também no drama humano, não somente na super-aventura.


Assim, surgiu o Quarteto Fantástico (novembro de 61), a primeira família da Marvel. E a fórmula se repetiria, tendo seu exemplo mais bem sucedido em agosto de 1962, com o lançamento do Homem-Aranha. Ok, ele subia pelas paredes, era ágil, tinha um sentido de perigo, mas depois de combater os vilões, tinha de voltar logo para casa para cuidar da tia idosa, batalhava para pagar as contas, só recebia bronca do chefe e nem sempre conseguia sair com a garota com quem queria namorar.


Esta “filosofia”, aliás, acabou se tornando uma das marcas da Marvel. Se, no geral, a DC trazia o panteão olímpico para as páginas dos quadrinhos, a Marvel abria espaço para o drama humano, o problema do cotidiano. E essa regra nunca foi tão bem aplicada quando, em 1963, no auge do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, a editora lançou a revista Uncanny X-Men. Ela apresentava histórias de jovens que nasciam com superpoderes (ok, esses poderes apareciam só após a adolescência) e, por isso, eram vítimas de preconceito - uma alegoria à luta contra o racismo e pelos direitos das minorias.


Entre anos bons e aqueles mais críticos, a Marvel conseguiu chegar a seus 80 anos como um gigante da cultura pop e presente nas mais variadas plataformas. Além dos quadrinhos, suas criações podem ser encontradas em games, livros, séries de TV (canais abertos, fechados e em serviços de streaming) e, claro, no cinema (com vários bilhões de motivos para isso). Nada mal para a famosa Casa das Ideias, que demonstra fôlego para continuar sua saga pelas próximas décadas. Feliz 80 anos e, como sempre, "make mine Marvel"


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