Martinho da Vila comemora 82 anos com lançamento de DVD

Sambista traz seus maiores sucessos em gravação feita no Theatro Municipal do Rio de Janeiro; nos planos para 2020, ainda estão um novo álbum e um livro

Por: Egle Cisterna  -  12/02/20  -  10:31

“É devagar, devagarinho”. Esse é o mantra do sambista Martinho da Vila com o qual ele justifica brincando a longevidade e a disposição para continuar produzindo. Mas seu ritmo de trabalho – assim como o musical – não tem nenhuma lentidão.


Nesta quarta-feira (12), dia em que completa 82 anos, o presente é o lançamento de um novo trabalho, o DVD "Martinho 8.0 – Bandeira da Fé: Um Concerto Pop-Clássico (Ao Vivo)". Ainda para 2020, ele trará também um novo álbum para o público e um livro.


O projeto que Martinho entrega agora é um registro ao vivo do concerto que ele fez no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em novembro de 2018 – ano em que completou 80 anos e que lançou um álbum. “Foi um show comemorativo dos meus 80 anos, que eu planejei para o Theatro Municipal e que a Sony resolveu fazer o registro. E ainda tem um vídeo que faz parte do espetáculo”, conta Martinho em entrevista para A Tribuna, referindo-se ao vídeo da música "Bandeira de Fé", que também a partir de hoje está disponível no YouTube.


Ao todo, o projeto traz o registro de 15 canções compostas por Martinho, dentro do conceito pop-clássico, que reúne, por meio da música, o popular e o erudito. Os primeiros sucessos do cantor, como "Casa de Bamba" e "O Pequeno Burguês" (ambas do primeiro álbum, de 1969), estão presentes no registro.


Ainda no repertório, o compositor abre o DVD com "Meu Off Rio", onde começa uma conversa com a plateia e conta um pouco da sua trajetória, revelando que, aos 75 anos, fez o vestibular e entrou em sua primeira graduação no curso de Relações Internacionais e que recebeu o título de Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


A música foi composta em homenagem à fazenda no município de Duas Barras, interior do Rio de Janeiro, local onde nasceu. Filho de lavradores, depois que alcançou o sucesso, ele comprou o local e o transformou num instituto cultural, que leva o nome do sambista.


No DVD, Martinho recebe o rapper Rappin Hood, com quem divide os vocais ho hip hop "O Sonho Continua", e a pianista Maíra Freitas, sua filha. 


Quem também o acompanha no palco são os músicos Gabriel de Aquino, Alaan Monteiro, João Rafael, Gabriel Policarpo e Bernardo Arias, além da Orquestra Filarmônica do Rio, sob a regência do maestro Leonardo Bruno e abertura na voz de Gloria Maria.


Dirigida pelo produtor João Wlamir, a peça musical é dividida em dois atos. O primeiro termina com uma exibição da porta-bandeira e do mestre-sala da Unidos de Vila Isabel, dançando um frevo-samba, com a participação de Tunico da Vila. O segundo culmina com um inédito jongo sintonizado, apologia a Zumbi dos Palmares.


Projetos para 2020


Sem dar muitos detalhes, o músico adianta que já está com um novo álbum pronto para ser lançado. “Gravei um disco novo, ainda sem nome, com algumas músicas novas, releituras e outras inéditas na minha voz, que o público conhece com outros intérpretes”, afirma ele, que acredita que a gravadora Sony Music deva lançar ainda este ano o trabalho.


Para maio, ele que também é escritor de romances, fez uma revisão no livro "Memórias Póstumas de Teresa de Jesus", de 2002, e deve relançar a obra na qual assume o papel da sua mãe, para relatar toda a saga e luta da Família Ferreira, capitaneada pela figura forte de Dona Teresa, com as dificuldades, a coragem e as particularidades.


A receita da produtividade e da energia do artista está em, além de levar a vida “devagar, devagarinho”, como diz a letra de uma de suas músicas mais conhecidas, é uma só: “O segredo é fazer só o que se gosta. Claro que nem sempre conseguimos fazer apenas o que realmente queremos”, diverte-se ele.


Sobre completar 82 anos e continuar trabalhando, ele finaliza a conversa com o verso de "Depois Não Sei": “Se Deus quiser / eu vou ficar bem velho / a morte é certa / depois eu não sei’. E complementa: “rogo uma "praga" que todos fiquem bem velhos”, diz entre risos.


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