Livro revê a controversa história da Princesa Isabel

"Alegrias e Tristezas" tem quase 900 páginas

Por: Egle Cisterna  -  22/09/20  -  16:50
Pesquisa realizada pelos historiadores Bruno Cerqueira e Maria de Fátima Argon demorou 20 anos
Pesquisa realizada pelos historiadores Bruno Cerqueira e Maria de Fátima Argon demorou 20 anos   Foto: Arquivo pessoal

Uma figura da história do Brasil, que é lembrada por boa parte da população apenas como a princesa que assinou a Abolição da Escravatura no País. Mas Alegrias e Tristezas(Linotipo Digital e Instituto Cultural D. Isabel a Redentora), dos historiadores Bruno da Silva Antunes de Cerqueira e Maria de Fátima Moraes Argon, promete rever a importância da Princesa Isabel, que teria sofrido um golpe de Estado não tanto contra D. Pedro II, mas sobretudo contra a filha dele e o “abolicionismo dinástico” que ela representava, sendo impedida de assumir o Terceiro Reinado.


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Em quase 900 páginas, os autores procuram desfazer mitos, explicar e esmiuçar muitas informações erradas e contraditórias sobre a personagem. O trabalho tem por base mais de 20 anos de pesquisas dos dois historiadores e os escritos autobiográficos da própria D. Isabel.


O prefácio e a contracapa do livro são assinados por duas historiadoras renomadas: Teresa Malatian, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Lucia Paschoal Guimarães, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).


Princesa Isabel


A obra destaca que a própria expressão Princesa Isabel seria uma forma de diminuir a participação da personagem no processo da Abolição da Escravatura no Brasil. “A expressão contém uma armadilha teórica para efeitos historiográficos. D. Isabel foi alguém distinto da Princesa Isabel, que é uma personagem associada exclusivamente com a Lei Áurea e, inclusive no processo legislativo que culminou com a própria lei, é minimizada. A D. Isabel real foi princesa imperial brasileira desde os 4 anos, em 1860, regente do Império por três vezes (o que soma um mandato presidencial atual) e imperatriz do Brasil no exílio, na França”, explica Cerqueira.


Ele reforça ainda que o episódio foi quando o racismo contra os negros foi particularmente notável, mas que a historiografia teria apagado isso. “Houve muitos mortos durante e após a Proclamação da República, sendo a imensa maioria negra, mas isto é desconhecido.”


Outra curiosidade que o livro traz é sobre a origem da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, que teria sido fruto de promessa de D. Isabel, em plena partida para o exílio, a bordo da nau Parnahyba, que depois, a partir de 1908, será idealizado por uma comissão de senhoras isabelistas no Rio, tendo à frente a filha do Almirante Tamandaré, Maria Euphrasia Marques Lisboa.


Com mais de 70 ilustrações, o livro traz, ainda, cadernos de imagens inéditas e mais de mil notas de rodapé, genealogias dos ancestrais e descendentes de D. Isabel, manuscritos originais dos seus textos e análise de todas as biografias já produzidas sobre ela.


O nome do livro, inclusive, vem da forma como D. Isabel descreveu sua vida numa pequena autobiografia, em francês (Joies et Tristesses), escrita em 1908. “Decidimos condensar grande parte de nossos estudos isabelinos e isabelistas numa obra de referência, que sirva a todos os pesquisadores sobre o Brasil-Império, história da Abolição e dos abolicionismos, do isabelismo, do republicanismo e das relações raciais no Brasil, mormente na transição do século 19 para o 20”, diz Cerqueira.


Serviço: Alegrias e Tristezas; Autores: Bruno da Silva Antunes de Cerqueira e Maria de Fátima Moraes Argon; Editora: Linotipo Digital e Instituto Cultural D. Isabel a Redentora; Páginas: 888; Preço: R$199,00


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