Lô Borges: da esquina de casa para o estrelato

Artista mineiro está com álbum novo, concebido de forma bem original

Por: Guilherme Gaspar & Colaborador &  -  16/08/19  -  02:08
Lô Borges: da esquina de casa para o estrelato
Lô Borges: da esquina de casa para o estrelato   Foto: João Diniz / Divulgação

Da esquina da casa de sua mãe ao estrelato da Música Popular Brasileira (MPB), Lô Borges tem muito o que comemorar. O artista mineiro começou na música ainda jovem e, até hoje, aos 67 anos, segue lançando álbuns.


Em abril, o ilustre cantor mineiro lançou o disco 'Rio da Lua', que marca a modernização de seu trabalho.


“Eu estava em uma turnê pelo País e convidei alguns amigos para assistir ao show que faria no Circo Voador [Rio de Janeiro]. Entre eles, estava o músico Nelson Angelo, que ficou comovido com a apresentação e me escreveu um texto por whatsapp”, explicou Lô, ao revelar ter lido a mensagem somente quando retornou a Belo Horizonte, sua cidade natal.


O texto acabou sendo musicado pelo artista mineiro, que decidiu iniciar um projeto de composições feitas a partir da troca de mensagens com Nelson. De uma a uma, o disco 'Rio da Lua' tomou forma e rapidamente caiu nas graças dos fãs do artista.


“Gostei muito de trabalhar nesse projeto. Em principio, só faria voz e violão. Depois, decidi incluir outros instrumentos. Acabou se tornando um álbum com configuração de banda”, analisou, rasgando elogios aos músicos da nova geração de BH. “Ao final de tudo, recebemos boas críticas, tanto da imprensa quanto do público, que se manifestou a favor”.


A turnê de 'Rio da Lua' não tem previsão para ser apresentada por aqui. Apesar disso, o compositor deixou aberta a possibilidade de shows pela região. “Já estive em Santos diversas vezes. É uma cidade onde adoro tocar, pois sempre tive uma ótima recepção”.


Futuro na música


Quatro meses após o lançamento de 'Rio da Lua', Lô Borges já pensa em seu próximo disco, que está “praticamente pronto”. O novo trabalho, aliás, teve grande ajuda da atual turnê. “Na noite que lancei 'Rio da Lua', um artista da nova geração me mandou uma mensagem de whatsapp. Resolvi transformá-la em música, da mesma forma que havia feito com o Nelson. Assim, pude compor outras 20 músicas”, contou.


Ainda não há uma data definida para a estreia do novo projeto, e Lô preferiu manter o mistério de quem estará ao seu lado.


Carreira longeva


Lô Borges começou na música ainda jovem. Sua primeira composição, 'Para Lennon e McCartney', foi gravada aos 17 anos.


A carreira do cantor e compositor mineiro foi alavancada assim que Milton Nascimento, na época já reconhecido em nível nacional, gravou uma música de sua autoria. Três anos depois, Lô já tinha 23 composições em seu repertório.


Ao lado de Milton, ele formou o Clube da Esquina, onde contribuiu em nove músicas do álbum de 1972. “Esse nome, Clube da Esquina, foi uma homenagem ao costume que deixei para trás assim que cheguei ao Rio de Janeiro”, disse, ao recordar as “noites de música” passadas na calçada de sua antiga casa, em Belo Horizonte.


Uma análise geral


A música brasileira sempre foi apreciada por sua originalidade, mesmo com as influências estrangeiras. Lô enxerga o intercâmbio cultural com certa naturalidade. “A música internacional sempre esteve presente na nossa cultura. Na minha época, as pessoas ouviam muito rock e jazz”, comentou. “A grande questão, no entanto, está no fato de que o compositor brasileiro não precisa ser refém da música estrangeira para as suas composições”, pontuou.


Apesar do olhar positivo, Lô Borges criticou as grandes mídias pelo espaço que costumam dar aos artistas ainda desconhecidos. “Ela acaba sendo seletiva, até demais. Levanta artistas medianos e condena aqueles que fazem músicas maravilhosas ao anonimato”.


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