O escritor Marcos Martinz, de 20 anos, usou as próprias experiências com a depressão, desencadeada a partir do bullying que sofreu quando estava na escola, como inspiração para um livro. Durante o Setembro Amarelo, mês em que o Brasil promove uma campanha de prevenção ao suicídio, Martinz participa de uma série de encontros literários e palestras para divulgar a obra e, principalmente, alertar outras pessoas que possam sofrer da mesma doença que quase tirou a vida dele.
Autor de "Até que a Morte nos Ampare", ele relatou, em entrevista para ATribuna.com.br, que atentou contra a própria vida quando ainda estava no colégio. “Embora o livro traga a palavra morte no título, a ideia da obra é justamente dar um novo significado à vida ao abrir espaço ao debate, pelo conteúdo reflexivo”, relata Martinz.
Escrito em 2018, e relançado este ano pela Editora Ciranda Cultural, o livro aborda a depressão e o suicídio na adolescência de forma leve. Voltado ao público infanto-juvenil, a obra esteve em primeiro lugar na lista dos mais vendidos da Amazon, na categoria “Depressão e Saúde”, entre 16 e 22 de agosto.
A obra conta a história do jovem Marcos, que todas as noites é levado para passear, pela personagem Dona Morte, no mundo dos mortos. Durante as visitas, o rapaz conhece a história de algumas pessoas que estão estagnadas em um portal e buscam a redenção. Segundo Martinz, a ideia é que “Até que a Morte nos Ampare” inspire o debate, principalmente em outros jovens. "Quanto mais a gente falar, melhor. Na escola, me excluíam muito, me chamavam de esquisito".
Rede de apoio
"Meus professores formaram uma rede de apoio, me incluíam nas conversas e no intervalo. Hoje, entendo que minha esquisitice fazia parte de quem eu sou. Na terapia, me incentivavam muito a escrever sobre a minha dor. Escrever para evitá-la. A dor me tornou escritor".
Martinz reforça a importância de lidar com os problemas que podem desencadear uma depressão. É preciso, segundo ele, falar sobre os "medos e monstros, para que a gente faça amizade com eles. Pode ser com professores, amigos, pais ou psicólogos. E se houver alguma tristeza que tenha fatores inexplicáveis, procure ajuda".
Neste processo de tratamento, ele considera a terapia como algo necessário. Além disso, "o livro e o feedback dos leitores me ajudaram muito. É um grande movimento de cura".
Programação de encontros literários
10/9: às 16h, live com o Departamento de Educação de Mongaguá sobre depressão (Instagram @educacaomongaguadem)