Irmandade, nova série da Netflix, estreia nesta semana com cenas gravadas em Cubatão

Narrativa retrata dilemas sociais de brasileiros e estará disponível na sexta-feira (25)

Por: Lucas Krempel & Da Redação &  -  20/10/19  -  12:30
Edson (Seu Jorge) e Cristina (Naruna Costa) são os protagonistas da série
Edson (Seu Jorge) e Cristina (Naruna Costa) são os protagonistas da série   Foto: Reprodução

Várias formas de narrar uma história de desigualdade social já foram exploradas em séries e filmes. Não posso cravar que seja uma novidade, mas certamente foge do comum o olhar dado em Irmandade, nova produção da Netflix, que chega à plataforma na próxima sexta-feira (25). 


Ainda nos anos 1970, uma cena inicial nos apresenta Edson, um jovem negro da periferia, que é preso por fumar maconha em casa, após uma denúncia do próprio pai. Espancado por policiais, ele acaba sendo levado para a detenção sob os olhares perplexos da própria irmã.


Esse contexto inicial de Irmandade foi todo gravado em Cubatão, tendo a favela sob palafita como pano de fundo. E, quando somos levados aos anos 1990, acompanhamos toda a saga dos irmãos sob o olhar da irmã de Edson (Seu Jorge), Cristina (Naruna Costa), advogada do Ministério Público, que vive em São Paulo. 


Cansado de sofrer com a repressão e tortura da polícia no presídio, Edson cria uma facção criminosa. O objetivo é garantir que nenhum preso sofra mais o que ele passou nos últimos anos. No entanto, para a luta ter força, Edson passa a comandar uma série de atos criminosos a distância. 


Cristina, que acompanha uma de suas sessões no tribunal, decide pedir o apoio do Ministério Público para evitar que o irmão sofra mais torturas. Todavia, ela é aconselhada por sua superior a não dar prosseguimento no seu pedido. Mesmo sem saber que se trata do irmão de Cristina. 


Disposta a mudar de uma vez por todas as condições do irmão no presídio, Cristina falsifica a assinatura da chefe e vai ao complexo penitenciário com o objetivo de tirar o irmão da cela solitária. O ato ilegal a leva a um caminho sem volta. A irmã do líder da facção criminosa é presa, mas passa menos de um dia sem liberdade. 


Libertada por um investigador da Polícia Civil, especializado em facções criminosas, Cristina é usada como isca para desmantelar o grupo do irmão. Ou aceita a proposta e se mantém livre da cadeia ou seguirá sem liberdade por vários anos. 


Atuando como agente dupla (advogada da facção e informante da polícia), Cristina coloca a vida, princípios, profissão e tudo que lhe resta em jogo. Não bastasse essa tensão, ainda vê o irmão mais novo indo para o crime. A advogada também se apaixona por um dos integrantes da facção do irmão. Irmandade é um thriller de tirar o fôlego, com olhar diferenciado e expectativa de desfecho brilhante. Assisti a seis dos oito episódios.


Protagonismo feminino


Naruna Costa elogiou o diretor.


“O Pedro (Morelli) tem uma escuta muito grande, ele colheu nossas experiências e nos deixou livres para traduzi-las nas personagens. A Cristina tenta o tempo todo ser guiada pelo caminho do que acredita ser correto. Só que essa ideia se quebra à medida em que ela conhece as causas e efeitos de cada situação”.


Foco diferente


Envolvido no projeto há dois anos, o diretor explicou as escolhas que fez. “A ideia de uma protagonista mulher, um elo entre a parte de dentro e de fora da prisão, foi a mais interessante. O objetivo é conduzir o público por meio do entretenimento para fazê-lo, gradualmente, refletir sobre o universo social que estamos abordando”, afirmou.


Locações


Entre os mais de 40 lugares, um deles, em particular, foi o mais desafiador: um presídio, com uma ala desativada, em Curitiba.


“Trabalhamos dentro das regras locais. Senti muito forte o valor que tem a liberdade. Foi rico, não ficamos só no plano da fantasia. Ficamos bem perto de uma realidade que está aí e fomos acolhidos com respeito. De todos os aprendizados que tive nos projetos que fiz, esse foi um dos mais importantes, me deu a possibilidade de entender o quanto é valioso estar em qualquer lugar onde você queira estar”, disse Seu Jorge. 


Segunda temporada


Tal como em outras produções da Netflix, ainda não é possível cravar uma segunda temporada. A continuação depende de bons números de audiência. Mas, caso se confirme, uma pista já foi dada pelo diretor da série, Pedro Morelli. “Nem todas as pessoas que estão nesse palco poderão continuar, mas temos muitos planos para os que continuam. E estamos muito empolgados para isso”, revelou durante a coletiva de imprensa, que contou com Seu Jorge, Naruna Costa, Lee Taylor, Pedro Wagner, Danilo Grangheia e Wesley Guimarães.


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