Ira! retorna em ótima forma após 13 anos sem álbum de inéditas

Com nova formação, entrega trabalho repleto de bons sons, como Efeito Dominó e Mulheres à Frente das Tropas

Por: Lucas Krempel  -  17/06/20  -  14:28
  Foto: Carina Zaratin/Divulgação

O Ira! está de volta. Após 13 anos sem lançar um álbum de inéditas, o grupo retorna com formação nova e o melhor disco desde os anos 1980. O intervalo entre um disco e outro contou com várias situações, como um hiato entre 2007 e 2014 e o lançamento do Folk, projeto intimista que ganhou força nos teatros pelo Brasil afora.


“Como somos artistas independentes, hoje, sem pressão de contrato, a gente deixou que fluísse naturalmente. Um disco com nova formação, após uma separação, teria que ser algo muito bom”, justifica Nasi, que conversou com A Tribuna por telefone.


O vocalista é muito sincero na hora de falar sobre o que mudou entre Invisível DJ (2007) e o álbum novo, homônimo. “Invisível DJ é um álbum irregular, um disco que fizemos em clima de dissolução. Fizemos esse disco por causa de pressão, devíamos um álbum por contrato ao Rick Bonadio, já tinha uma discussão sobre uma parada na banda”, confessa Nasi. “Para você ter uma ideia, deixei a banda gravando as músicas e fui para a praia. Pedi para enviar as músicas para mim e voltei só para gravar as vozes. É um disco que não tem a alma que esse tem. O novo álbum foi feito com tesão, com a intenção de mostrar algo bom para o público”.


Efeito Dominó e Mulheres à Frente da Tropa mostram que o grupo paulistano segue forte nas composições e nas melodias. São dois dos grandes momentos do novo álbum.


“Algumas músicas começaram a surgir instrumentalmente em passagens de som. Até a hora que o Edgard teve um surto criativo e tudo saiu. Algumas músicas ele já tinha de trabalhos solos dele que não foram aproveitadas”, conta.


Apesar de reconhecer que os artistas contemporâneos preferem trabalhar as canções de outra forma, lançando seus trabalhos como singles, Nasi ainda aposta no formato de álbum cheio. 


“Nós adoramos o conceito do álbum. Se a gente se satisfizesse dessa maneira, já teríamos lançado antes. Mas o tesão que nós temos é construir um álbum completo, com músicas que conversam entre si. Essas músicas estão no Spotify no formato que vamos lançar de lado A e lado B no vinil”.


Facilitou bastante o entendimento dos músicos com a produção, já que o responsável pela função foi Apolo 9, que trabalhou com o Nasi em todos os álbuns solos desde 2006.


“É um cara que já conhece o Edgard. É um produtor legal que produz coisas bem diversas. Vai de Rita Lee ao Nação Zumbi, Seu Jorge ao Ira! Ele dá todas as condições para o artista ser o que é”.


Somam-se ao time dois integrantes que Nasi rasga elogios: Johnny Boy (baixo) e Evaristo Pádua (bateria). “Sem nenhum demérito aos outros integrantes, mas essa é a melhor formação do Ira! Reconheço que todas foram importantes para o Ira! ser o que é hoje, mas essa é a melhor”.


Sobre o hino Mulheres à Frente da Tropa, que ganhou um videoclipe incrível nas mãos da santista Luciana Sérvulo da Cunha, Nasi resumiu bem a importância de falar sobre o protagonismo feminino na atual sociedade: “Vivemos uma guinada do reacionário muito forte pelo mundo. A luta das mulheres já está na história desde as sufragistas. É um campo que precisa ser desenvolvido e apoiado por nós homens. Todos nós somos um pouco machistas funcionais”.


carina zaratin / divulgação


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