HQ Miss Davis: Ótima alternativa para quem tem dificuldade em assimilar conteúdos densos

Produção de Sybille Titeux de La Croix e Amazing Ameziane consegue contar bem e de forma ilustrativa a história desta importante mulher para o movimento negro dos Estados Unidos

Por: Isabela dos Santos & Colaboradora &  -  06/12/20  -  13:50
Nesta leitura, ainda conhecemos muitos outros personagens importantes para a história
Nesta leitura, ainda conhecemos muitos outros personagens importantes para a história   Foto: Reprodução/Pixabay

A HQ Miss Davis - A vida e as lutas de Angela Davis - uma produção de Sybille Titeux de La Croix e Amazing Ameziane, consegue contar bem e de forma ilustrativa a história desta importante mulher para o movimento negro dos Estados Unidos e que até hoje inspira pessoas em todo o mundo. E olha, não é tarefa fácil, pois Angela vivenciou tanta coisa!


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Felizmente, ainda vive. Para quem tem dificuldade em assimilar conteúdos densos e complexos, a HQ é uma ótima alternativa. Conseguimos por meio dela acessar, além da história da protagonista, um período de segregação racial no início dos anos 60, a violência e matança polícial no sul dos EUA, a luta e a resistência da população negra em busca de libertação do sistema penitenciário e pela reivindicação de direitos como o voto e a igualdade. Tudo isso, vendo quadrinhos bem desenhados, dando vida a uma época que eu particularmente não vivi, o que nos faz imergir na narrativa, sem ter aquela sensação de cansaço por ser informação demais para assimilar, já que a leitura se mostra dinâmica o tempo inteiro.


Acompanhamos a trajetória de Miss Davis: sua simpatia pelos Panteras Negras, o engajamento pela liberdade dos irmãos Soledad, a autodeclaração de ser sim comunista e de ser impedida de lecionar filosofia na Universidade da Califórnia por se declarar desta forma, a sua prisão, já que foi acusada de assassinato, sequestro e conspiração em um epsódio em que o juiz Harold Haley foi morto, se tornando uma das dez pessoas mais procuradas pelo FBI. Ela aguentou tudo isso e conseguiu provar sua inocência. O mais interessante é que com a leitura, conseguimos adentrar os pensamentos de Angela, deixando seu lado como figura pública em segundo plano, e a vemos de forma mais humana, acompanhando suas dores, perdas, aflições, dificuldades, cansaço, uma vida rodeada de medo e coragem ao mesmo tempo.


Você também pode chorar e se revoltar, uma vez que a história é o relato de fatos reais e sabemos que a resistência negra não foi e continua não sendo fácil, e isso inclui ter que lidar com muitas mortes.


Neste sentido, um dos fatos que me deixaram abalada, foi logo no ínicio da HQ, em que a narrativa do tenso período de segregação racial é contado pela pequena Cynthia Morris Wesley. Ela era uma menina negra que já conhecia e admirava Angela Davis desde criança. Se sentia inspirada pela dedicação de Angela aos estudos e pelo seu senso de justiça. Vivia com medo da realidade ao seu redor, dos confrontos travados entre brancos e negros, da miséria, da falta de estrutura familiar. Mas era sonhadora, pensativa e estudiosa.


Só que seus sonhos são violados quando sua vida é tirada na 16ª Igreja Batista. Ela foi morta aos 14 anos junto com mais três jovens. O atentado causado pela Ku Klux Klan aconteceu em Birmingham, Alabama, em 1963. A intimidade e empatia que criamos com Cynthia é violada, assim de uma hora pra outra, como sua vida.


Nesta leitura, ainda conhecemos muitos outros personagens importantes para a história dos Estados Unidos. Uma forma atrativa, rápida e empática de aprender e de manter vivo o legado das pessoas que se dedicaram à luta antirracista. Recomendo!


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