Heranças africanas em debate na Tarrafa Literária

Tema atual e necessário nos dias de hoje estará no foco do bate-papo de Reginaldo Prandi e Luiz Antônio Simas, no festival literário

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  22/11/20  -  13:01
Segunda (23), o festival traz a jornalista Cora Rónai e sua mãe, Nora
Segunda (23), o festival traz a jornalista Cora Rónai e sua mãe, Nora   Foto: Reprodução/Facebook

Hoje, a 12ª edição do Festival Tarrafa Literária, que acontece até dia 30 de forma virtual, traz um debate sobre as heranças africanas no Brasil, na mesa Mito, religiosidade e cultura. Para tratar do tema, os especialistas convidados são o professor e sociólogo Reginaldo Prandi e o professor, historiador e escritor Luiz Antônio Simas, A transmissão gratuita acontece às 18 horas, pelo Facebook e Youtube do evento.


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“Na verdade, nosso encontro é mais um bate-papo sobre nossos trabalhos. Falei um pouco de cultura de rua, samba, carnaval, festas populares e relação que isso tem com a religiosidade afro-brasileira. Afinal, é impossível se falar de samba, por exemplo, sem se falar de terreiros”, adianta Simas sobre sua participação no evento, que foi gravada na semana passada. 


Prandi traz para o debate a sua experiência como autor de livros sobre a religião e a mitologia afro-brasileira. O primeiro que ele escreveu sobre o assunto, em 1991, inclusive ganha uma nova edição, num momento em que ele considera fundamental para promover o debate sobre o cenário atual.
No próximo mês, Prandi vai relançar Candomblés de São Paulo (Editora Arché), livro que estava esgotado há mais de 20 anos. “Reescrevi a obra, incluindo três capítulos inéditos com atualizações sobre o tema”, afirma ele, que acha importante a publicação voltar agora. “Estamos em um momento difícil. As agressões (contra as práticas culturais e religiosas de raízes africanas) são mais abertas e ainda temos um desprezo do Governo Federal. O livro em si não muda nada, mas ajuda a formar um certo modo de enxergar a sociedade, de internalizar valores. Um livro não muda as leis, mas muda a cabeça das pessoas que podem fazê-lo”, avalia. Simas também prepara um novo título para 2021.


“Estou fazendo um livro sobre a história do Maracanã. É uma biografia do estádio, usando o tema para pensar o Brasil a partir deste estádio”. 


A programação da Tarrafa continua até dia 30. Amanhã, o festival conta com a presença da jornalista Cora Rónai e sua mãe, Nora, de 96 anos, que lançou este ano o segundo volume de seu livro de memórias, O Desenho do Tempo (Bazar do Tempo). Nele ela traz as histórias de vida desta arquitetam nascida em Fiúme (hoje, território croata), que fugiu da perseguição nazista, ainda criança, vindo com a família para o Rio de Janeiro, em 1941. Toda essa trajetória é descrita a partir de lembranças e diários de viagem, em uma narrativa envolvente com os episódios mais marcantes de uma vida singular. 


“Mamãe contou um pouco da vida e das memórias dela nesta conversa solta e agradável que tivemos na Tarrafa, mediada pelo Matthew (Shirts)”, diz a jornalista, que lembra que na casa da família, cercada de livros, escrever foi uma opção automática para ela e os irmãos. “Por conta disso, as pessoas me cobram muito livros. Fiz posfácios, participei de volumes colaborativos, mas o que eu gosto mesmo é de escrever em jornal, em redes sociais. Que são textos para consumo imediatos”, admite a colunista do jornal O Globo. 



 


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