'Gravar sem inspiração poderia ser um desastre', diz Richard Butler

Vocalista do The Psychedelic Furs fala sobre o disco "Made of Rain", lançado quase 30 anos após o último álbum da banda

Por: Do Blog n’ Roll  -  20/05/20  -  13:49
"Foi um sentimento de que era a hora certa para isso", analisa o vocalista   Foto: Divulgação

Já se passaram quase 30 anos desde o último disco de estúdio do The Psychedelic Furs. Depois de World Outside (1991), a banda inglesa alternou o seu tempo com turnês de reunião, lançamentos de coletânea, enquanto o vocalista, Richard Butler, passou a se dedicar ainda mais como artista plástico. 


Made of Rain, previsto para 31 de julho, vem para quebrar esse longo intervalo. As primeiras prévias já foram reveladas e mostram que o DNA pós-punk e psicodélico segue intacto.


Butler conversou com A Tribuna sobre essa nova fase da banda e o que motivou o retorno.


O que motivou a banda a voltar para o estúdio?


Foi um sentimento de que era a hora certa para isso. E nós queríamos isso também. As pessoas sempre pediam para que gravássemos novos álbuns, mas há alguns anos minha respostas era: "por quê?" Acho que para se fazer um álbum, você tem que sentir que é o momento e a necessidade de fazer um. Às vezes isso leva tempo, e precisa acontecer em um momento em que a banda esteja forte para tocar até o limite e estar motivada para ter ideias e lançar algo realmente bom. Fazer um álbum sem esses quesitos não seria algo bom. Gravar sem inspiração e sem vontade poderia ser um desastre.


O que mudou para vocês nesses quase 30 anos?


Muitos cabelos brancos (risos). Mas, falando da banda, nós estamos tocando ainda melhor e nosso público tem crescido constantemente nos últimos anos, o que é algo inspirador e maravilhoso.


Os primeiros singles de Made of Rain trazem novos elementos na sonoridade, mas não deixa de ser leal ao que vocês sempre produziram. Pensaram nisso?


Na verdade, não pensamos muito nisso (manter o estilo). Esse álbum foi feito por uma banda que faz músicas psicodélicas há muitos anos. Então, o estilo do som que a gente queria já era muito claro para todos. As pessoas sempre trazem novas ideias, mas não tínhamos a ideia de fazer o álbum soar diferentemente do que fizemos de fato. A ideia original era fazer algo orgânico e bem feito. E foi o que fizemos.


O que você tem escutado ultimamente? Algum artista novo chama a atenção?


Na verdade, não (risos). Minha filha sempre me manda músicas de novos artistas. Eu tento ouvir, mas depende muito do momento. Gosto da Billie Eilish, assim como o resto do mundo, aparentemente (risos). Além dela, não acompanho muitos outros artistas novos. Tem uma banda chamada The Avalanches, que tem um som eletrônico bem bacana, mas acho que isso é o mais moderno. Eu gosto mais de acordar de manhã e ouvir Miles Davis para começar o dia.


Como vocês estão lidando com o isolamento?


Acho que estou lidando assim como a maioria das pessoas: isolamento social, sem ver amigos, sem sair, fazendo meus próprios drinques, sem restaurantes. Gosto de ficar andando pelo jardim por algumas horas, e me manter ocupado com música e pintura.


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