Falando Séries: Boca a Boca em tempos de vírus

Boca a Boca, nova série nacional da Netflix, poderia ser apenas mais uma boa produção voltada para o público teen. Mas uma triste coincidência deixou a série ainda mais atual. Em tempos de pandemia, a trama dirigida por Esmir Filho e Juliana Rojas cai até como um alerta para os mais jovens.

No enredo, adolescentes de uma cidadezinha do interior do Brasil são ameaçados por uma infecção transmissível pelo beijo. Com uma trama sinistra e contemporânea, a série retrata os desejos de uma juventude digitalmente conectada, imersa em uma realidade física cheia de medo e desconfiança.

Um diálogo entre as personagens de Denise Fraga e Iza Moreira, logo no início da série, alerta para o mistério envolto na série. “Você sabe que a Seita é perigosa. Essas festas que eles fazem são só um disfarce pra atrair os jovens. Prometem prazer e experimentação…”, diz Denise. E Iza completa: “mas não se responsabilizam pelas consequências”.

A conversa entre as duas acontece após uma grande festa, realizada na noite anterior. A amiga da personagem de Iza acordou com uma ressaca completamente diferente de qualquer outra. Ela foi infectada pelo vírus transmitido pela boca. Além da gravidade do estado da jovem, outro dilema é enfrentado: revelar segredos e prazeres para as pessoas de uma cidadezinha rural.

A trama é bem amarrada, são seis episódios relativamente curtos (aproximadamente 30 minutos cada). E sempre com um bom gancho para prender a atenção do público para a sequência. Ideal para maratonar em uma tarde.

Boca a Boca é o segundo projeto em parceria com a produtora Gullane. Anteriormente, Netflix e Gullane trabalharam juntos em Ninguém Tá Olhando, de Daniel Rezende. Uma série muito boa, mas que infelizmente foi cancelada pela plataforma.

O roteiro de Boca a Boca tem um time forte com Esmir Filho e Juliana Rojas (também diretores), Marcelo Marchi, Jaqueline Souza e Thais Guisasola.