Erico Bomfim sonha dar mais colorido a Santos

Sua arte está registrada em vários pontos da cidade

Por: Egle Cisterna  -  02/08/20  -  14:04
Em seu ateliê, ele diz não se prender ao uso do spray
Em seu ateliê, ele diz não se prender ao uso do spray   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Ao circular pelas ruas de Santos, muita gente se depara com grafites que já fazem parte do cenário da Cidade. O painel geek no Valongo, as fachadas das Vilas Criativas e do Corpo de Bombeiros, o mural na Avenida Perimetral, bueiros, postes e faixas de pedestres da Rua Tolentino Filgueiras e até o número 5 estilizado em frente ao Cine Roxy. Mas o que muitos talvez não saibam é que todas essas obras de arte urbana têm uma coisa em comum: o traço do artista Bomfim.


Santista de 36 anos, Erico Ferreira Feitosa do Bomfim entrou no mundo das artes pela música. “Sempre gostei e cheguei a ter algumas bandas, que não iam para frente. Nesta época, eu também já fazia a capa dos discos”, lembra o artista. 


Foi assim que acabou entrando para uma agência de publicidade e mudando o rumo de sua carreira. “Nesse momento, me desvinculei da música, que acabou virando um hobby quando me tornei diretor de arte. Como estava numa área que tinha mais o lance de rua, de outdoor, de ação com o público na rua, comecei a lidar com o grafite." 


Em 2006, ele passou a trabalhar com lambe-lambe de personagens pelas ruas de Santos. "Comecei a conhecer o pessoal que fazia grafite na cidade e esse meio me abraçou”.


Em 2012, ele abandonou a publicidade para se dedicar à arte e o primeiro projeto que impulsionou seu trabalho foi o número 5, em frente ao Cine Roxy. “Mandei uma proposta para o Toninho (Campos, diretor do cinema) e o que era para durar apenas três meses se tornou um projeto sem fim”. Bomfim destaca que os desenhos feitos neste espaço não têm aquilo que ele considera sua identidade visual, mas abre portas.


Santos é um ovo


Hoje, o estilo pessoal do artista é voltado para valorizar a identidade santista e envolve várias técnicas, utilizando não só a ferramenta tradicional do grafite. “Não fico preso à técnica do spray. Posso fazer meu trabalho com pincel, colagens de lambe-lambe, entre outras. Sou um artista. Até deixo me rotularem como grafiteiro, mas meu lance é mais amplo, da street art mesmo”, pondera.


Uma das marcas da obra autoral de Bomfim está na frase que quem é de da Cidade já ouviu em algum momento. “Santos é um ovo. Todo mundo se conhece aqui. Por isso, quando quis trazer o lance regional, isso ficou marcado”. A primeira aparição do ovo está na escultura de mureta estilizada na orla da praia, perto do Canal 6, na Aparecida.


O ovo, com todas as características dos santistas, está espalhado por vários trabalhos pela Cidade, como no mural feito na Perimetral, em conjunto com outros artistas, próximo às catraias, e o mural geek, na Rua do Comércio, no Valongo. 


Novos trabalhos


“Não tenho a intenção de sair da minha terra. Quero ser conhecido aqui. Muita gente bacana foi para São Paulo, mas, com simplicidade, eu pretendo continuar fazendo a minha arte santista”, diz ele.


Além de começar um trabalho nesta semana, na casa que abriga os Chorões Santistas, no Jabaquara, Bomfim planeja reunir um grupo de 12 artistas de Santos que pintarão a escultura de um ovo. Os trabalhos serão reunidos em uma exposição, que deve acontecer ainda neste ano.


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