Embaixador do surfe, Rico Souza lança sua biografia

Carioca começou a prática nos anos 1970 e segue surfando todos os dias

Por: Beatriz Araujo  -  14/09/21  -  12:33
 “Eu cheguei a fazer Direito até o 6º período. Mas quando fui para o Havaí não teve jeito”
“Eu cheguei a fazer Direito até o 6º período. Mas quando fui para o Havaí não teve jeito”   Foto: Divulgação

O surfe, sobretudo o brasileiro, vive uma fase áurea. Ítalo Ferreira (ouro nas Olimpíadas em Tóquio), Gabriel Medina, Adriano de Souza (Mineirinho) e Filipe Toledo são alguns dos nomes que brilham nos pódios. Mas, para que a modalidade conquistasse tanto, há um nome que auxiliou a desbravar esse mar no início dos anos 70: Rico de Souza. Agora, após quatro anos de produção, foi lançada sua biografia que, em 224 páginas, retrata sua história, entrelaçada com a do surf. Agora aos 69 anos, ele ainda surfa todos os dias. “É meu remedinho”, brinca.


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Sua história começou com “jacarés” que ele pegava usando pranchas de isopor na infância. “Minha vida sempre foi voltada para o mar, desde criança. Eu nasci na beira da Praia de Leblon”, conta ele, que vive até hoje no Rio de Janeiro. Mas foi aos 12 anos que ele teve um start, ao partir para as pranchas de madeirite e se inspirar em surfistas da região.


Após embarcar nessa onda, Rico estreitou cada vez mais seus laços com o surf - apesar dos preconceitos da época. “O surfe não tinha uma imagem boa. Os pais não gostavam que os filhos surfassem”.


No caso dele, com familiares advogados, juízes e presidentes de empresas, decidir trilhar seu caminho no surf também foi uma quebra de expectativas para alguns. “Eu cheguei a fazer Direito até o 6º período. Mas quando fui para o Havaí.... não teve jeito”.


A paixão rendeu histórias curiosas. Ele lembra quando o surf chegou a ser proibido por certos períodos em algumas praias do Rio de Janeiro. Durante a ditadura militar, segundo a Revista Brasileira de Ciências do Esporte, editada pelo Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE), no começo dos anos 1970, a pratica de surfe era proibida das 7 às 14 horas por “oferecer risco aos banhistas”.


“Já cheguei a ser preso por surfar fora do horário permitido, e não foi só uma vez não”, conta, em tom nostálgico. Além dos estereótipos marginalizados de “cabeludos que não trabalhavam”, tinha a questão das pranchas que não possuíam “cordinha”. Então, acontecia delas escaparem e baterem em banhistas. Esses eram pontos que manchavam a imagem do surf socialmente.


Mas isso começou a mudar, como uma evolução natural aos olhos de Rico. Competindo, tendo conquistado o pódio na categoria Junior em 67 em um campeonato na Ilha Porchat, em São Vicente, e em pouco tempo tendo sido campeão brasileiro em 72 e em 73, Rico também começou a levar o surfe brasileiro para o mundo.


Ao surfar na Califórnia, nos Estados Unidos, por exemplo, apesar de ter se decepcionado com a água fria e as ondas pequenas, foi onde sua carreira guinou ao perceber oportunidades de comércio e profissionalização do esporte. “O surfe, assim como eu na minha família, só teve reconhecimento e respeito quando começou a gerar dinheiro e trabalho”, relata. Rico, então, além de se aventurar nas águas, concertava e fabricava pranchas artesanalmente. Depois, ele também começou a trabalhar com roupas de surfwear.


Evolução


Com o passar dos anos, Rico analisa que o “espírito de surfista” se transformou muito. “Antes o surfe era mais romântico, amistoso, entre amigos. Não era moda, não era para mostrar para ninguém. Era algo mais interior, um amor pelo mar”.


Agora, o esporte cresceu. “Tem muito dinheiro envolvido nos campeonatos, premiações, patrocínios. Tem muito comércio”. O que, para ele, não significa algo ruim, necessariamente. “Mas perdeu um pouco o feeling, o encanto”, acredita.


De qualquer modo, para ele, segue sendo uma arte. “Esse universo do surfe, a cultura do esporte, a forma que você se alimenta, as vestimentas, a música... é um universo muito vasto”, que o fez conhecer o mundo e muitas culturas.


“Construí uma vida com dignidade dentro do esporte, uma família legal. Fico muito orgulhoso de ser do jeito que sou e de batalhar pelas coisas que sempre batalhei”.


Rico, o embaixador do surfe: a biografia. R$ 59,00, Editora Lacre e Amazon. Mais no site.


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