Designer resgata tons de lugares e de personalidades de Santos

São imagens de 100 a 140 anos de idade, que dizem muito de Santos, de sua história, e evidenciam a sua transformação

Por: Carla Zomignani & Editora &  -  21/06/20  -  12:19
Designer resgata tons de ícones de Santos acervo do site memória santista.
Designer resgata tons de ícones de Santos acervo do site memória santista.   Foto: Divulgação/Bruno Arena

A quarentena tem sido um fator desestimulante para muita gente, senão a maioria. Ficar em casa, não poder sair, trabalhar... Em resumo, um tédio! Na contramão dessa história, o designer santista Bruno Arena garante que esses tempos de pandemia têm sido, sim, sinônimo de muita produção, conhecimento e, sobretudo, amor à arte.



Arena já trabalhou no Jornal A Tribuna como ilustrador e conta que, durante o chamado ócio produtivo da quarentena, acabou resgatando um hobby: restaurar e colorir fotos antigas da Cidade, de personalidades e de pessoas comuns.


Imagem remasterizada de Santos
Imagem remasterizada de Santos   Foto: Divulgação/Bruno Arena

Como explica, são imagens de 100 a 140 anos de idade, que dizem muito de Santos, de sua história, e evidenciam a sua transformação. Do Porto ao José Menino, com destaque para a Ponta da Praia e a orla, assim como lugares icônicos como a Bacia do Mercado e a Rua XV de Novembro, no Centro, não faltam registros que garantem uma valiosa viagem no tempo, precisamente aos séculos 19 e 20.

“Acredito que esse tempo (de quarentena) tem sido muito propício pra todo mundo redescobrir um pouco aquilo que é, suas origens, a história da própria família, do lugar onde vive, pra revirar aquele álbum de família e relembrar histórias”, acredita o designer, que utiliza da tecnologia avançada atual para “trazer muito próximo daquilo que vemos hoje, os registros que foram sendo desgastados pelo tempo, e não tinham cor”.

E foi acreditando no valor desse resgate da memória da Cidade e das pessoas que Arena começou a pesquisar em sites como o Novo Milênio e Memória Santista, os tesouros que procurava. “Tudo verticalizou muito rápido com a urbanização. A história de muita gente acabou virando só lembrança. E trazer de volta a cor a essas lembranças é meio que trazer de volta à vida esse legado”.



Como tudo começou

Para tudo isso, na verdade, foi um trabalho da agência onde Arena trabalha atualmente, para reformular a campanha nas redes sociais do centenário Clube dos Ingleses.


Como explica, com a pandemia, tudo o que estava planejado para chamar novos associados para o clube caiu por terra. E a solução foi fazer uma série de #tbt (throwback thursday), uma hashtag do Instagram onde as pessoas postam fotos de momentos de que têm saudades. A primeira delas mostrava uma foto do José Menino, da década de 30, com o clube, a Rua Santa Catarina ainda de terra, e o outro lado da rua sem qualquer construção.


Imagem remasterizada de Santos
Imagem remasterizada de Santos   Foto: Divulgação/Bruno Arena

“Foi aqui que começou. A foto estava em preto e branco, aliás, todas estavam, e há uma semana terminei uma programação com vários posts, relatos históricos”, comenta.

A partir desse home office, a garimpagem por outras imagens ganhou novo impulso, e aquilo que era apenas um hobby para espairecer a cabeça durante a quarentena está se tornando um novo trabalho. Afinal, Arena afirma que já trabalhou com restauração de fotos e daí para a colorização foi um pulo. 


E existe toda uma técnica própria para dar colorido às imagens antigas. Nada é aleatório, como enfatiza o designer: “Muita coisa a gente consegue referência, sim. Uma parte importante disso tudo é, primeiro, achar imagens boas. Gosto muito dos fotógrafos que passaram por aqui, entre eles Marc Ferrez, José Marques Pereira e Bóris Kauffmann. Como é difícil achar essas imagens disponíveis, pesquisar também leva tempo”.

Segundo Arena, a primeiro pré-requisito é que a imagem esteja com boa resolução, para garantir a qualidade da colorização. O valor histórico também pesa bastante.


"Depois de encontrar as imagens (nos sites, sobretudo o Memória Santista, que disponibiliza imagens em alta resolução), começa o trabalho de busca de referências”, explica o designer, que ainda procura outras fotografias do local. “Estudo um pouco a história, vou procurar saber se as ruas eram de terra ou de paralelepípedos, ou pé de moleque, se há algum prédio da época ainda de pé. Tudo para trazer verossimilhança à foto colorida”.


O tempo dedicado a cada trabalho varia de acordo com a riqueza de detalhes da imagem. Algumas demoram mais de oito horas para ficarem prontas. Isto porque primeiro Arena faz a restauração da base da foto, tira riscos, falhas, manchas, dobras, rasgos. Depois, começa a seleção dos elementos da imagem por grupos: todas as árvores, todos os telhados, todas as ruas. “É importante manter a mesma matiz de cores, de saturação, de brilho e contraste”, enfatiza.


Concluídas, Arena já tem mais de 15 fotos e algumas em andamento. “Meu computador parece um canteiro de obras”, brinca. Isto porque, conforme ele foi publicando os primeiros trabalhos em sua página pessoal do facebook, os pedidos particulares foram aparecendo. Além das fotos que estão nessa página, confira outras no endereço


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