De Série em Série: Sky Rojo discute perigos da prostituição com ação e comédia

Resista se for capaz. Nova série espanhola da plataforma já configura no Top 10 das mais assistidas

Por: Bia Viana  -  27/03/21  -  13:52
A série é sempre quente e corrida, acelerando pelas estradas do deserto
A série é sempre quente e corrida, acelerando pelas estradas do deserto   Foto: Divulgação

Tirem as crianças da sala! Para os fãs de séries de ação adultas, a pedida do fim de semana é Sky Rojo, nova série espanhola da Netflix, que já configura no Top 10 da plataforma.


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Seguindo a praticidade narrativa de títulos como La Casa de Papel e Vis a Vis: Oasis (que é, inclusive, próxima tanto em temática quanto em estética), a série vai direto ao ponto, contando a história de três prostitutas que cometem um crime e partem em uma fuga alucinada de seus patrões, um trio de gigolôs poderosos que traficam mulheres de países latinos.


A série tenta desconstruir a temática com uma abordagem bizarra, inspirada nas narrativas sarcásticas que observamos, por exemplo, em filmes de Quentin Tarantino (obviamente, sem a mesma qualidade de roteiro). Até o uso de músicas alegres como contraponto às cenas de violência, recurso bem “Tarantinesco”, é empregado, o que resulta em sequências interessantes, como uma cena de perseguição de uma ambulância.


A série é sempre quente e corrida, acelerando pelas estradas do deserto sem oferecer um descanso sequer. Carros, explosões, mulheres nuas, todos os ingredientes para o típico filme de ação americano (claro, bem mais explícito do que os blockbusters cotidianos). Pela incorporação dessa fórmula, a série falha em sua premissa de promover o empoderamento feminino, mesmo apontando em alguns momentos como a prostituição é uma indústria machista e cruel, que nunca se interessou nas mulheres como algo além de mercadoria e segue estragando vidas conforme os homens continuam “consumindo”.


O gancho dessa visão crítica está na percepção do sexo como instrumento de violência e poder (as mulheres da série afirmam, em vários momentos, como não gostam de sexo e desacreditam no amor, o que é uma realidade provocada pela desumanização que essas mulheres enfrentam) e a busca incessante por liberdade, que é deixada em aberto no desfecho.


A premissa era boa, mas a execução do enredo caiu nos vícios dos quais pretendia escapar. A relação entre as três protagonistas, por exemplo, é tão superficial ao ponto de render uma “catfight”, a típica “briga de mulheres bonitas” usada para incitar os espectadores sexualmente.


Extremamente visceral, Sky Rojo tenta oferecer o ponto de vista naturalizado de quem vive em um ambiente de extrema violência, compensando cenas de estupro, abuso de drogas e assassinatos com backstories rasas de conflitos familiares, paixões e amizades duvidosas. Com oito episódios de cerca de 30 minutos cada, a série está disponível na Netflix.


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