De série em série: Bridgerton, o sucesso do romance de época 'apimentado'

Série é sobre uma família aristocrata de Londres, composta por uma viúva e seus oito filhos

Por: Beatriz Viana  -  16/01/21  -  12:30
Produção tece sátiras à estrutura social da época e seus vestígios na atualidade
Produção tece sátiras à estrutura social da época e seus vestígios na atualidade   Foto: Divulgação

Entre os títulos mais assistidos da Netflix desde seu lançamento, Bridgerton conquistou o público com seu enredo novelesco. Em sua primeira temporada, a produção explora o universo romântico da autora Julia Quinn, com oito episódios de quase uma hora cada.


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Criada por Chris Van Dusen, Bridgerton é o lançamento mais recente da ShondaLand, produtora de televisão americana fundada pela escritora Shonda Rhimes. Renomada no universo televisivo, Shonda assina algumas das séries mais populares do mundo, como Grey's Anatomy, Scandal e How To Get Away with Murder. Em 2017, a escritora fechou um contrato de exclusividade com a Netflix, com duração de quatro anos.


A série acompanha os Bridgerton, uma família aristocrata de Londres composta por uma viúva e seus oito filhos. No centro da história, temos a mais velha do clã, Daphne Bridgerton, que entra na temporada de casamentos e precisa encontrar um marido. Aprovada pela rainha, a senhorita Bridgerton é apelidada “o diamante da temporada”.


O desespero começa a tomar conta de Daphne quando percebe que mesmo atendendo a todos os requisitos da “pretendente perfeita”, ela não recebe muitos cortejos. Tudo muda com um incidente num baile, quando conhece o forasteiro Duque de Hastings. Ela, ávida por um marido, precisa chamar a atenção no “mercado casamenteiro”. Ele, por outro lado, busca escapar das mães desesperadas, pois não quer se casar.


Buscando uma alternativa, eles criam um acordo: fingem estar juntos para alcançarem seus objetivos. Claro que a ideia vai por água abaixo quando Daphne e Simon, o Duque, começam a se apaixonar de verdade. Presos em uma teia de mentiras, o casal se aproxima com base na paixão e no sexo, dois elementos vetados para jovens de respeito na sociedade.


Podendo ser confundida com uma Gossip Girl de época, Bridgerton é narrada pela personagem Lady Whistledown, uma escritora anônima que conhece os segredos da alta sociedade. Ela revela todos os escândalos em seus folhetins, desmascarando os respeitosos membros dessas famílias.


Com narrativa ríspida e veloz, Bridgerton tece sátiras à estrutura social da época e seus vestígios na atualidade, em especial ao papel social feminino e sua exclusiva dedicação ao matrimônio. São questionados, em especial, os valores das sociedades patriarcais, que controlam a vida das mulheres e tiram sua autonomia.


Outro ponto forte é a moralidade intangível, sempre associada a um estereótipo da virgem intocável. A série discute a repressão da sexualidade feminina e o veto ao seu poder de decisão, discutindo muitas pautas interessantes envolvendo consentimento. Um retrato da inocência das meninas, criadas sem qualquer acesso à informação, é feito quando as meninas Featherington pensam que a gravidez é uma doença causada por comer bolos.


Algumas personagens fortalecem o senso crítico da obra. Uma delas é Eloise Bridgerton, a filha rebelde, que vive imersa nos livros, adora escrever e fuma escondido no jardim da família.


Atenta às tendências modernas, a série aposta em easter eggs (informações escondidas). Uma delas são as músicas pop que compõem a trilha sonora, adaptadas em versões instrumentais clássicas que ambientam perfeitamente a série. Entre as artistas que ganham novas versões estão Billie Eilish, Ariana Grande e Taylor Swift.


Bridgerton despertou o interesse do público pelos livros. As obras de Julia Quinn entraram na relação dos mais vendidos do jornal The New York Times pela primeira vez desde seu lançamento, há mais de 20 anos. Segundo pesquisa da empresa Decode, a procura pela saga literária cresceu 3.330% após a estreia no streaming.


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