Crítica: Um tributo à vida e obra de Simonal

Cinebiografia retrata bem o auge e a decadência do controverso showman

Por: Lucas Krempel & Da Redação &  -  09/08/19  -  12:09
  Foto: Paprica Fotografia / Divulgação

Dez anos depois da estreia do documentário 'Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Eu Dei', de Micael Langer, Calvito Leral e Cláudio Manoel, o músico carioca Wilson Simonal (1938-2000) volta a ser destaque nos cinemas. Agora, no entanto, em uma cinebiografia, com atores, seguindo a tendência mundial, que recentemente levou às telonas as histórias de Freddie Mercury e EltonJohn.


Em 'Simonal - O Filme', o diretor Leonardo Domingues consegue manter um respeito à linha cronológica dos acontecimentos, mostrando a ascenção e a decadência de Simonal.


Sucesso nos anos 1960 e 1970, o artista sempre chamou a atenção pela voz potente e um domínio de palco absurdo. Viu a carreira sucumbir após ameaçar seu contador quando se deparou com problemas financeiros, graças a seus gastos descontrolados.


O pior veio posteriormente. Simonal teve o seu nome ligado ao Dops (órgão de regulação durante a ditadura militar) e passou a ser visto como um dedo duro pelos artistas. Vários de seus shows foram cancelados. E quando aconteciam, o público não estava presente.


O elenco foi muito bem escolhido. O baiano Fabrício Boliveira, que interpreta o Rei da Pilantragem, consegue reproduzir os trejeitos de Simonal e emocionar nos momentos mais complicados da vida do artista.


Vale destacar também as atuações de Ísis Valverde, como Tereza, sua esposa, e Leandro Hassum, como Carlos Imperial.


Hassum quase sempre me incomoda quando foge dos papéis de comédia pastelão, especialidade dele, mas aqui convence demais como o produtor Carlos Imperial. Canastrão!


Responsáveis por assinar a trilha sonora do longa, seus filhos Simoninha e Max de Castro também são retratados na produção. Mesmo que sem muito destaque.


Outros personagens que tiveram participação direta na vida de Simonal aparecem ao longo do filme, com certa atenção para Jorge Ben Jor e Elis Regina.


Mesmo que não seja uma fantasia como 'Rocketman' ou grandioso como 'Bohemian Rhapsody', 'Simonal - o Filme' consegue ser muito interessante. Faz parte da nossa história. E foi bem retratada.


Em Santos, Simoninha fala da montagem do filme


Filho de Simonal, Wilson Simoninha veio a Santos para a pré-estreia do longa, que aconteceu no Cine Roxy, na última semana. Antes da sessão, conversou com A Tribuna sobre a produção e o seu envolvimento durante as gravações.


O cantor fez questão de ressaltar que não influenciou em nada no roteiro e nas decisões do diretor. Ficou focado na trilha sonora, junto com o irmão Max de Castro. No entanto, elogiou o resultado final.


“É muito difícil contar a história do Simonal se não for através da música. E o Leonardo (Domingues, diretor) tinha muitas dúvidas de como fazer isso no sentido de quais músicas seriam usadas, se o Fabricio (Boliveira) iria cantar. Então ele nos convidou para contribuir nesse sentido. O mérito é do Leonardo, que brigou pela realização desse filme durante nove anos”.


Apesar de garantir que o diretor sempre deixou muito aberta a possibilidade de sugerir atores para o elenco, Simoninha disse que não quis participar diretamente das escolhas. “Nunca tivemos uma conversa imperativa, de indicar quem seriam os atores. Conversamos sempre de uma forma construtiva e natural. O Leo viu alguma coisa muito boa no Fabricio, Isis e Hassum. E o resultado ficou muito bom”.


Sobre a importância de retratar a vida de Simonal nas telonas, Simoninha afirma que a trajetória do pai é sempre atual. “Revela um pouco da história do Brasil, em um período bem conturbado, de ditadura, população dividida. Hoje vivemos algo parecido, apesar de não ser uma ditadura, claro”.


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