Crítica: Era uma vez em... Hollywood

Com a assinatura de Tarantino, longa de 2h40 é uma bem-sucedida sátira à meca do cinema mundial

Por: Lucas Krempel & Da Redação &  -  16/08/19  -  13:16
  Foto: Divulgação

A nona e penúltima produção de Quentin Tarantino chegou aos cinemas. 'Era uma Vez em... Hollywood' é a visão do diretor sobre o fim dos anos 1960 na meca do cinema mundial.


E para recontar os tempos selvagens das estrelas, o diretor de 'Pulp Fiction' e 'Cães de Aluguel' conta com um elenco de peso: Brad Pitt, Leonardo DiCaprio, Margot Robbie são os protagonistas da história, mesmo que Margot quase não tenha falas no longa.


Isso sem falar nos coadjuvantes: Dakota Fanning, Luke Perry (sua última aparição antes de morrer), Al Pacino, Timothy Olyphant (de Santa Clarita Diet), Michael Madsen (presente em quase todos os filmes de Tarantino), Kurt Russell, Lena Dunham e Austin Butler (que fará Elvis Presley nos cinemas).


Ao longo das 2h40 de filme, duas histórias são contadas paralelamente (característica mantida da obra de Tarantino). Uma é a do diretor polonês Roman Polanski (Rafal Zawierucha) e sua esposa, Sharon Tate (Margot Robbie), que foi brutalmente assassinada em 1969 pela Família Manson, seita de jovens seguidores do psicopata Charles Manson.


Na outra ponta da história, a mais presente por sinal, está o ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), que fez muito sucesso na tevê, mas agora quer conquistar Hollywood. Para onde quer que vá, ele leva o dublê junto, Cliff Booth (Brad Pitt).


A parceria dos dois funciona muito bem em cena. Enquanto Dalton é o inseguro, preocupado com o futuro e cheio de emoções, Booth é totalmente o oposto. Também é mulherengo e não se esforça nem um pouco para evitar uma confusão.


As duas tramas, claro, se encontram em um momento importante do filme. E a partir disso, melhor não seguir com comentários. O risco de escapar um spoiler é grande.


Tal como já havia feito em 'Bastardos Inglórios', quando optou por criar algo em cima de um fato histórico, Tarantino também causou polêmicas mesmo antes do lançamento de 'Era uma Vez em... Hollywood'. Um dos pontos é a participação de Bruce Lee (Mike Moh), retratado como um sujeito arrogante.


Durante uma gravação, ele conta que destruiria Muhammad Ali em uma luta. Booth (Pitt) ironiza com uma risada. Enfurecido pelo deboche, Lee desafia o dublê. No entanto, toma uma surra do personagem.


Essa é a proposta do filme. Recontar uma época efervescente do cinema, com doses de sátira e violência. Ela demora a aparecer, mas, quando chega, vem sem limite algum.


Referências


Bruce Lee - Em 1967, Mike Moh estrelou a série O Besouro Verde, no papel de Kato. A cena de combate com dublê Cliff Booth é durante as gravações de um dos episódios. Posteriormente, no longa de Tarantino, o público acompanha Sharon Tate (Margot Robbie) indo ao cinema assistir ao seu último filme lançado em vida, 'Arma Secreta contra Matt Helm', no qual atuou com Dean Martin. Lee participou da produção como instrutor de artes marciais dos atores e como dublê de luta de Martin.


Terry Melcher e Dennis Wilson - O produtor Terry Melcher, filho de Doris Day, trabalhava com Dennis Wilson, baterista dos Beach Boys. Charles Manson, um músico frustrado, havia co-escrito uma música para os ícones do surfmusic, mas Melcher recusou. A rejeição fez com que Manson fosse até a casa,mas ela já estava ocupada por Sharon Tate e Roman Polanski.


Western - Como não poderia deixar de ser, Tarantino incluiu suas referências western comas séries 'Lancer' (aqui aparece com Timothy Olyphand e Luke Perry nos papéis principais), 'The BigValley' e 'Bonanza'. Do spaghetti western sobram menções a Sergio Corbucci, diretor italiano. E nos quadrinhos vem 'Kid Colt Outlaw', encontrada no trailer do dublê (Pitt).


Batman - A série clássica do Batman é citada pelo personagem de Al Pacino, aparece em cartaz e também com os áudios de AdamWest e Burt Ward (protagonistas da produção), presentes nos créditos de encerramento de uma promoção em uma rádio local. 


Paul Revere & The Raiders - Presença na trilha sonora, Paul Revere & The Raiders é mencionado por Sharon Tate, enquanto a atriz escuta o álbum 'The Spirit of’67': “Eles não são tão cool como Jim Morrison e The Doors”, diz.


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